(G1 – Economia – 12/12/2018)
Alexandro Martello
Com a inflação sob controle, a expectativa das instituições financeiras é que a taxa de juros começará a ser elevada pelo Copom somente em setembro do ano que vem – quando deve subir para 7% ao ano.
Até o início de novembro deste ano, a previsão era que os juros começassem a subir em maio de 2019.
Para o fim do próximo ano, a expectativa dos economistas do mercado financeiro é que a taxa Selic fique em 7,5% ao ano.
Como a decisão é tomada - A definição da taxa de juros pelo BC tem como foco o cumprimento da meta de inflação, fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para 2018, a meta de inflação é de 4,5% e, para 2019, 4,25%.
Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas, o BC reduz os juros; quando estão acima da trajtetória esperada, a taxa Selic é elevada.
Neste ano, a inflação segue relativamente sob controle, tendo registrado deflação (queda de preços) em novembro, e a expectativa é que assim permaneça também em 2019.
A previsão dos economistas das instituições financeiras para a inflação de 2018 está em 3,71% e, para o ano que vem, em 4,07%, ou seja, ainda em linha com as metas de inflação.
Juros bancários elevados - Embora os juros básicos estejam no menor patamar da série histórica do Banco Central, as taxas cobradas pelas instituições financeiras ainda seguem em patamares elevados.
Reduzir os juros bancários é um dos desafios apontados por economistas para o próximo governo.
Dados oficiais mostram que, em outubro, os juros bancários médios nas operações com pessoas físicas somaram para 51,9% ao ano, enquanto a taxa das empresas totalizou 20,4% ao ano.
Em algumas modalidades, como no cheque especial e no cartão de crédito rotativo, os juros ficaram ao redor de 300% ao ano – patamar elevado para padrões internacionais.
As altas taxas de juros, atualmente cobradas pelos bancos, inibem o consumo e também os investimentos na economia brasileira, avaliam analistas.
Dados do BC mostram que os quatro maiores conglomerados bancários do país detinham, no fim de 2017, 78% de todas as operações de crédito feitas por instituições financeiras no país.
Rendimento da poupança - Se confirmada a nova manutenção dos juros nesta quarta-feira, o rendimento da poupança também deverá permanecer o mesmo.
Pela regra atual, em vigor desde 2012, os rendimentos da poupança estão atrelados aos juros básicos sempre que a Selic estiver abaixo de 8,5% ao ano.
Nessa situação, a correção anual das cadernetas fica limitada a um percentual equivalente a 70% da Selic, mais a Taxa Referencial, calculada pelo BC. A norma vale apenas para depósitos feitos a partir de 4 de maio de 2012.
A medida visa evitar que a poupança fique mais atrativa que os demais investimentos, cujos rendimentos caem junto com a Selic. Sem o redutor, a poupança passaria a atrair recursos de grandes poupadores, que deixariam de comprar títulos públicos.
Se o juro básico da economia continuar em 6,50% ao ano, a correção da poupança permanecerá sendo de 70% desse valor - o equivalente a 4,55% ao ano, mais Taxa Referencial.
Segundo cálculos da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), a poupança continuará sendo uma "excelente opção de investimento, principalmente sobre os fundos cujas taxas de administração sejam superiores a 1% ao ano".
Analistas avaliam que o Tesouro Direto, programa que permite a pessoas físicas comprar títulos públicos pela internet, via banco ou corretora, sem necessidade de aplicar em um fundo de investimentos, também pode ser uma boa opção para os investidores. O programa tem atraído o interesse de aplicadores nos últimos anos.