(O Estado de S. Paulo – Economia e Negócios – 25/06/2019)
Bárbara Nascimento
O setor de construção está otimista com o segundo semestre. Empresários do segmento presentes no prêmio 26.º Top Imobiliário, realizado pelo Estado em parceria com o Secovi e com a Embraesp, afirmaram que a aprovação da reforma da Previdência deve ter peso importante nas expectativas e ajudarão a garantir desempenho positivo. Eles minimizaram ainda o impacto, sobre o setor, das mudanças que o governo quer fazer nas regras do Minha Casa Minha Vida.
Segundo os empresários, porém, mesmo com a aprovação da reforma da Previdência, uma recuperação só deve vir com o crescimento sustentável e a volta da geração de emprego e renda. “O segundo semestre deve trazer melhora porque a reforma tem tudo para ser aprovada”, disse Rodrigo Luna, presidente da Plano & Plano, vencedora do prêmio de melhor incorporadora. “Mas a retomada do emprego e da renda não vai ser do dia para a noite.”
Para Paulo Curi, presidente da Cury Construtora, uma retomada significativa só deve ocorrer em 2020.
Francisco Mesquita, diretor-presidente do Grupo Estado, disse que as dificuldades existem, mas que o setor tem tido resiliência para enfrentá-las nos últimos anos. “O setor adotou em 2019, como palavra de ordem, o otimismo. Com cautela, é verdade, mas ainda assim com capacidade de enxergar que o momento é de arregaçar as mangas e trabalhar”, disse.
Presente no evento, o secretário de Habitação do Estado, Flávio Amary, afirmou que o governo estadual está priorizando as parcerias público-privadas e prometeu “criatividade” para trazer mais inovação e desburocratizar o setor produtivo.
Os empresários minimizam ainda as mudanças que o governo pretende fazer nas regras do MCMV – entre elas, a criação de parcerias público-privadas para empreendimentos e uma forma de pagamento similar à de leasing, transferindo o direito de propriedade ao usuário no final da operação. Isso porque as principais alterações devem ser feitas na faixa 1 do programa, focada nas famílias de mais baixa renda, com subsídio de até 90% pelo governo. Para os empresários, as mudanças garantirão a continuidade do programa.
Gerente comercial da Tenda, que levou o primeiro lugar entre as construtoras, Eneias Santos, diz que a empresa pode passar por um “freio de arrumação” com a mudança, mas o importante é que “o saneamento dos recursos públicos vai possibilitar o prolongamento do programa”.
Luna diz ainda que, apesar das dificuldades orçamentárias da União, há a percepção consolidada de que a manutenção do MCMV é importante para o País. “Sabemos que a manutenção do Minha Casa Minha Vida é uma questão de desenvolvimento econômico”, disse. “Depois de dez anos, porém, precisa de alguns ajustes e o governo tem tido o cuidado de consultar a sociedade e o setor.”