(Casa Vogue – Economia – 07/04/2021)
Conexão e privacidade: estas devem ser as palavras-chave de 2021 no mercado imobiliário de luxo, enquanto o recrudescimento da pandemia seguir ressignificando as moradias. “O isolamento social se faz necessário, por isso é esperado que as casas se tornem, cada vez mais, refúgios e fortalezas particulares” afirma o arquiteto Nildo José. E tudo isso com muito conforto.
Quando olharmos as ruas, veremos projetos mais discretos. Fachadas devem seguir com cores opacas e sem muitos detalhes. “De maneira geral, no entanto, percebo um desejo por transparência, maior abertura para o meio externo, desde que a privacidade seja mantida”, conta a arquiteta Fernanda Marques. Ao olharmos para as construções, essas privilegiarão ruas isoladas. De acordo com Cyro Naufel, diretor de atendimento da consultoria imobiliária Lopes, houve um aumento na procura por condomínios, embora ainda não cheguem aos pés dos apartamentos. “A proporção de apartamentos é sempre maior, mas a procura por este nicho de casas de rua, casas de condomínio e apartamentos de cobertura aumentou demais”.
Na parte interna, vida nova. Abertura dos ambientes com bastante claridade e ventilação são as opções mais buscadas. Por isso, janelas e portas grandes continuam em alta. “Em alguns edifícios, encontramos dormitórios com um vidro a mais, fixo embaixo das janelas, que aumenta o tamanho da iluminação. A área que você abre da janela é a mesma, mas embaixo tem uma bandeira ou uma bandeja, que a gente fala, fixa de vidro que dá uma iluminada muito maior. Traz uma sensação muito mais gostosa ao ambiente”, afirma Naufel.
Quanto às cores, destacam-se as naturais. Tons neutros que inspiram tranquilidade e realçam os pontos verdes devem ficar entre os mais pedidos em 2021. Fernanda Marques vê “uma maior clareza e limpeza, no sentido visual, mas também físico, menos acúmulo, superfícies mais valorizadas, cuidado extremo na escolha dos revestimentos, que mais do que nunca terão seu papel ornamental ressaltado”. Já Nildo José aposta que “teremos lançamentos com jardins internos, mais apartamentos garden e a tendência de integrar a sala com a varanda nos novos empreendimentos passa a ser repensada, de uma nova forma”. “Também percebo uma tendência de morar perto dos grandes centros”, prossegue José, “mas em ambientes mais calmos, em condomínios rodeados de verde e tranquilidade”.
Os ambientes também ganharam versatilidade. Com a família inteira em casa, muita coisa precisou ser adaptada - não só os horários do homeschooling e das reuniões. Um quarto de hóspedes passou a ser home office durante os dias úteis e brinquedoteca no fim de semana. Já os deques viraram espaço de meditação pela manhã e jantar da família no final do dia. “O uso e a flexibilidade dos ambientes é que passaram a ser valorizados na casa. Você pode ter um quarto que de manhã seja um home office e, à tarde, um home theater”, garante Naufel.
Além dos jardins, os home offices são os novos queridinhos e, ao que tudo indica, vieram para ficar. “Deixaram de ser uma área secundária e ganharam papel mais nobre, próximo de grandes vãos de aberturas, bem ventilados, iluminados e em espaços mais silenciosos da casa. Hoje são posicionados com ainda mais cuidado e carinho nos estudos de layout”, afirma José, que lembra a importância destes espaços também para as crianças, mostrando mais uma vez a versatilidade dos cômodos: “As soluções de arquitetura precisam ser importantes ferramentas de estímulo à concentração e ao aprendizado. É necessário ter um espaço confortável, iluminado e tranquilo, para estimulá-los aos estudos e ao desenvolvimento escolar-residencial e não apenas espaços destinados aos brinquedos, como são as brinquedotecas”. E Naufel concorda. Para o diretor de atendimento da Lopes, “passamos a valorizar os ambientes maiores, mais arejados, mais iluminados que tenha uma sensação maior de liberdade”.