(O Estado de S. Paulo – Economia e Negócios – 02/07/2019)
Circe Bonatelli
No ano de 2040, mais de 50% dos consumidores poderão abrir mão de um corretor ou consultor para comprar um imóvel. E 40% das compras de residência poderão ser realizadas integralmente pela internet, o que ainda não ocorre hoje. Essas são algumas das principais conclusões de um estudo realizado pela consultoria Deloitte, que revelou as perspectivas e tendências dos compradores de imóveis das novas gerações.
Os resultados foram apresentados na semana passada, durante fórum sobre inovação empresarial organizado pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc). Para a pesquisa, a Deloitte entrevistou 1.313 brasileiros nascidos a partir da década de 40.
"Em troca da redução de até 5% do preço de um imóvel, a maioria dos compradores das novas gerações topa abrir mão de um corretor. Até porque alguns processos da compra já são feitos sozinhos, com ajuda da internet", comentou o economista e gerente da área de pesquisa da Deloitte, Giovanni Cordeiro.
Segundo ele, para acompanhar essa tendência de digitalização do processo de compra as empresas deverão oferecer sites e plataformas capazes de munir os compradores com fotos, vídeos, ferramentas de comparação entre imóveis e uma ampla gama de informações sobre o bairro da moradia.
A pesquisa apontou que os compradores também querem um processo menos burocrático e mais automatizado para fechar negócios, ainda que isso exija a apresentação de mais garantias, como no ato do financiamento.
Em relação às prioridades na escolha do imóvel apontadas pelos participantes da pesquisa, o quesito segurança foi o primeiro em uma lista com 24 itens. A proximidade com local de trabalho, centros comerciais e hospitais vieram na sequência das prioridades.
A sustentabilidade e o respeito ao meio ambiente também foram citados pelas novas gerações como importantes na tomada da decisão, embora não haja disposição em se pagar a mais por isso. "Isso cria um dilema para as construtoras, que não podem se descuidar da sustentabilidade, mas também precisar acertar nos preços", ponderou Cordeiro.
O responsável pela pesquisa também destacou que a tendência de compartilhamento de espaços nos novos edifícios residenciais, como área de home office, por exemplo, não representam uma preferência, necessariamente, das novas gerações. "Isso ocorre devido a uma limitação de renda e não pela preferência. O consumidor gostaria de ter uma área própria para trabalhar em casa, mas aceita compartilhar porque não tem dinheiro para comprar um imóvel maior", observou.
Uma demanda real das novas gerações está nos imóveis flexíveis, que permitam um redesenho da planta para cada etapa da vida - por exemplo: saída dos filhos da casa e diminuição dos quartos.