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Complexos na zona sul de SP reúnem escritórios, casas, lojas e teatro

12/11/2018 / Categorias Mercado imobiliário

(Folha de S. Paulo – Morar – 11/11/2018)

Amanda Nogueira

Novos empreendimentos de São Paulo estão levando a fórmula do uso misto ao potencial máximo, criando bairros conceituais que aproximam público e privado.

São complexos que mesclam torres residenciais, corporativas e comerciais, geralmente em meio a extensa área verde, com serviços e livre passagem de pedestres.

Três deles ficam na zona sul da cidade. A região teve obras impulsionadas pela Operação Urbana Consorciada Água Espraiada, de 2001, que promove a reestruturação urbana da faixa que vai do Brooklin ao Jabaquara.

O Parque da Cidade fica na Chácara Santo Antônio, terá como eixo principal um parque linear de 62 mil metros quadrados, aberto ao público e com infraestrutura que inclui restaurantes, teatro, playgrounds e ciclovias.

A área verde deve servir também para minimizar ilhas de calor e atuar como barreira acústica, segundo a OR, do grupo Odebrecht, responsável pela idealização do empreendimento. A expectativa é a de que 65 mil pessoas circulem pelo local todos os dias.

O complexo terá dez torres, sendo cinco corporativas, uma de salas comerciais, duas residenciais, além de um shopping e o recém-inaugurado hotel de luxo da rede Four Seasons.

A ideia é que, quem more ou trabalhe por lá, não precise se deslocar grandes distâncias para realizar serviços cotidianos -ir a um mercado ou a um centro comercial, por exemplo.

"Uma das premissas do projeto era ser um espaço aberto e permeável à região", explica Alexandre Nakano, diretor-superintendente da OR. Para isso, nenhuma das torres terá muros ao redor. "É um núcleo de convivência."

Para Nakano, a ideia é que o empreendimento seja visto como o "quintal do bairro" e atraia não só as 25 mil pessoas, entre trabalhadores e moradores que circularão por ali todos os dias, mas também quem vive em outros prédios.

A área verde também é a principal marca de O Parque, empreendimento da Gamaro no Brooklin. São sete torres com apartamentos para aluguel de longa estadia, escritórios, lojas e um restaurante de 770 metros quadrados.

Tudo isso ocupa uma área de mais de 38 mil metros quadrados que já foi uma fazenda e uma fábrica de baterias.

À vegetação de mata nativa serão adicionadas mudas criadas em viveiros pelo botânico e paisagista Ricardo Cardim, incluindo uma floresta de araucárias e um pomar com árvores frutíferas da Mata Atlântica. Tudo será contornado por um rio.

A previsão é a de que o empreendimento fique pronto em 2023 e receba 15 mil pessoas diariamente.

A segurança será feita a partir de uma central de vigilância com localização secreta abaixo do nível da rua, além de recursos tecnológicos como pulseiras e chaveiros codificados para acesso de moradores e QR code para visitas.

Pioneiro na região do Itaim Bibi e construído sob a cartilha de guias ambientais, o complexo WTorre Plaza reúne torres empresariais, edifício corporativo, restaurantes, o shopping JK e o Teatro Santander.

A WTorre afirma estudar um novo empreendimento desse porte. Segundo a Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio), outros dois complexos são planejados para a região.

"Normalmente esses projetos estão posicionados em regiões nobres da cidade, onde a demanda sempre existe", diz Reinaldo Fincatti, diretor da consultoria imobiliária. Bela Vista, Berrini e eixos das avenidas Paulista e Rebouças são alguns exemplos.

Fincatti afirma que a modalidade foi incentivada pelo Plano Diretor Estratégico aprovado em 2014, que dá incentivos aos complexos mistos e com áreas verdes.

Para o urbanista Ciro Pirondi, diretor da Escola da Cidade, empreendimentos do tipo seriam bem-vindos também em regiões mais afastadas, como São Miguel Paulista e Itaquera, na zona leste.

"O grande desafio da sociedade contemporânea é decidir o que fazer no que chamamos de periferia e no centro antigo", afirma.

O sucesso dessas iniciativas dependeria da confluência entre poder público e privado, diz ele. "A cidade é por natureza múltipla, e esses empreendimentos vêm na tentativa de compreensão dessa realidade", afirma.

O urbanista também ressalta a importância de projetos sem muros, que proponham uma integração com os arredores.

"A insegurança existe em todas as cidades. Isso não pode ser motivo para fazer mais muros e grades. Tudo que isola gera uma enfermidade. Os novos empreendimentos têm que ter um desenho cívico que propicie o encontro do maior número de pessoas", diz.

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