A recuperação tímida da economia e as incertezas quanto aos rumos do País a partir do ano que vem têm pesado no mercado imobiliário. De olho em um consumidor que pensa duas vezes antes de gastar, as empresas reduziram o ritmo de lançamentos.
O número de unidades residenciais lançadas na cidade de São Paulo foi 3,9% maior no primeiro semestre deste ano ante o mesmo período de 2017, segundo a Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp), obtidos pelo Estado. Na comparação do primeiro semestre de 2016 com o de 2017, a alta havia sido de 10,3%.
O Secovi-SP, entidade do setor, que havia previsto crescimento de 10% para o mercado este ano, já disse que terá de revisar as projeções.
O setor sempre segue a aceleração da economia, diz o diretor do Núcleo de Real Estate da Poli-USP, João da Rocha Lima Júnior. “A compra do imóvel demanda grande investimento. Quando se tem uma segurança frágil na economia, a família posterga a compra.”
As unidades de dois dormitórios lançadas entre janeiro e junho representaram mais de 60% do total de novos imóveis.
Espera. O analista de TI Gabriel de Sousa, de 33 anos, adiou os planos de sair da casas dos pais. Efetivado no emprego em abril, parou de procurar um imóvel na planta e vai esperar até janeiro. “Até encontrei opções mais baratas, mas alguns colegas da empresa não tiveram os contratos renovados.”
“A gente tinha uma expectativa no início do ano de o País crescer. Os números que foram apresentados até maio eram bem positivos. Em um certo momento, sobretudo após a greve dos caminhoneiros, houve uma mudança no humor das pessoas”, diz Milton Bigucci, dono da construtora MBigucci. A empresa segurou lançamentos.
Lima Júnior avalia que o setor deve ficar mais aquecido após as eleições, já que o País terá mais pistas quanto aos rumos da economia a partir de 2019.