A companhia Liga Next, lançada ontem (28) na cidade de São Paulo, vai desenvolver startups ligadas à construção civil, setor que costuma receber menor atenção dos empreendedores que trabalham com soluções tecnológicas.
Cofundador da empresa, Leonardo Diniz destacou o avanço das iniciativas de inovação entre as construtoras. “Bastante afetado pela crise econômica, o setor percebeu que, se não investir em novas formas de fazer as coisas, não será possível ampliar a rentabilidade”, afirmou.
Na opinião dele, a construção civil é, no Brasil e no mundo, uma das áreas menos afeitas ao “furacão tecnológico” que ganhou força nos últimos anos. “É um setor ainda bastante ligado ao capital e à mão de obra intensiva”. Prova disso, seguiu ele, é a falta de iniciativas tecnológicas no mercado imobiliário.
Em reportagem publicada na última sexta-feira (24), o DCI mostrou que, no Brasil, o número de startups imobiliárias chegou a 217 neste ano. Apesar de um avanço durante o período de crise, a quantidade ainda é pequena se comparada à de outros setores.
A matéria também mostrou que o investimento médio em tecnologia das empresas de construção não chega a 1% do faturamento anual, bem abaixo do patamar visto, por exemplo, no ramo de eletrônicos, cujo dispêndio costuma se aproximar dos 10%.
De acordo com Diniz, as iniciativas de inovação para o setor vão de soluções técnicas para o processo de construção a medidas administrativas e ligadas à gestão.
“Um exemplo da aposta em tecnologia é o uso de impressoras 3D para a confecção de peças que possam ser usadas na construção de apartamentos”, afirmou ele.
Conjuntura - Os fundadores da Liga Next apostam que, mesmo com menos recursos depois da crise econômica, o setor tem capacidade para ampliar o investimento em tecnologia. “Sem isso, vai ser difícil obter bons resultados durante os próximos anos”, disse Diniz.
O especialista também afirmou que a demanda por imóveis facilita a retomada da construção. “Existe um mercado muito grande no Brasil para ser explorado”. Os empreendimentos do programa Minha Casa Minha Vida, seguiu ele, estão entre as esperanças do setor no médio prazo.
A oferta crescente de opções inovadoras para a construção civil também deve beneficiar a recuperação do ramo, disse Diniz. O objetivo da Liga Next é entrevistar 70 startups até o final deste ano. Depois, a companhia deve selecionar até 15 firmas para o projeto de desenvolvimento, que deve acontecer durante o ano que vem.
Em nota enviada por e-mail, a companhia indicou que o investimento inicial nessa ação fica perto de R$ 8 milhões.
Segundo Diniz, só serão aceitas as firmas que proponham negócios diretamente relacionados à construção civil. “É importante ressaltar que nós não estamos buscando projetos com relação indireta ao setor”, destacou.
Paralelamente, a Liga Next também lançou o clube de investidores Next Hub, uma plataforma que oferece acesso a iniciativas de tecnologia no setor, possibilitando o investimento nas startups.