Após três anos difíceis para a indústria de fundos de investimento, 2017 despontou como um ano bastante favorável. A relevante queda da Selic, somada à redução da oferta de papéis isentos de imposto, como as Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e as Letras de Crédito Agrícola (LCA) tão presentes nos anos de 2015 e 2016, estimulou o apetite a risco.
Dentre as diversas modalidades de fundos de investimento, o grande destaque de 2017 foi a categoria de multimercado. Nesses fundos, a gestão ativa garante bastante autonomia para posicionamento em várias classes de ativos e rebalanceamento da carteira de acordo com o cenário econômico. Bolsa, renda fixa, moedas e derivativos geralmente integram essas carteiras.
A performance das diversas classes de ativos oscila violentamente de um ano para outro e uma análise profunda das correlações e do nível de preço de cada instrumento é essencial para a montagem de carteiras eficientes. O gráfico acima ilustra a rentabilidade de índices que representam essas classes no período de 2008 a 2018.
É curioso constatar a rentabilidade do Ibovespa, por exemplo: foi o melhor ativo em quatro dos últimos onze anos, com grande vantagem em relação ao segundo colocado. Mas apresentou também o pior desempenho em sete outros anos. No acumulado desse período, a performance do Ibovespa foi significativamente inferior à do CDI. Enquanto o CDI rendeu 10,79% ao ano, a rentabilidade anual do índice Bovespa foi de pífios 2,87%.
Ágeis, os bons gestores de fundos multimercados ajustam suas posições com base na análise dos cenários e perspectivas futuras, buscando alcançar bons resultados mesmo em um ambiente de maior turbulência.
Dentre os canais de distribuição, o que mais se destacou na alocação em fundos multimercados foi o segmento private. Menos avessos a risco que os clientes de varejo, dos R$ 72,1 bilhões investidos na indústria de fundos por esse segmento R$ 51,2 bilhões foram alocados em fundos multimercado, ou 71% do total.
Em 2017, a indústria de fundos recebeu novos recursos totalizando R$ 237,2 bilhões, segundo dados Anbima. Foi a maior cifra registrada historicamente e mais que duas vezes o volume captado em 2016. Como um todo, os gestores de fundos de investimento administram um total superior a R$ 4 trilhões.
E qual a perspectiva para 2018? A certeza que temos para este ano é que será marcado por grande volatilidade. Além da necessidade de aprovação da reforma da Previdência, essencial para a estabilização fiscal do país, as eleições para diversos cargos públicos contribuirão bastante para a oscilação dos ativos.
Nesse contexto, ter agilidade é fundamental. Mandatos mais flexíveis como os multimercados têm potencial para desempenhar melhor em ambiente de alta volatilidade por terem maior liberdade para se posicionar e se proteger de eventos específicos.
Assim, apesar do alto nível de incerteza e dos diversos riscos que assombram o investidor local, a perspectiva para a indústria de fundos, em especial para os multimercados, parece bastante favorável.