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18% dos brasileiros conseguiram poupar em junho

29/08/2018 / Categorias Mercado imobiliário

O consumidor brasileiro continua sem o hábito de fazer reserva financeira. Dados apurados pelo Indicador de Reserva Financeira da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) revelam que em junho apenas 18% da população conseguiu poupar. Em média, o valor guardado foi de R$ 520.

Já a maioria (73%) terminou o mês sem nenhuma reserva e a principal justificativa é a renda muito baixa, que inviabiliza sobras para guardar dinheiro (44%). Entre outros motivos apontados, 17% alegam imprevistos, 15% dizem não possuírem renda no momento — provavelmente por estarem desempregados — e 14% reconhecem que há falta de controle ou disciplina sobre os próprios gastos.

De acordo com o levantamento, o número de poupadores é maior nas classes A e B, chegando a 39%. Já nas classes C, D e E, esse percentual cai para 13%. A diferença retrata o cenário de que a renda impacta aqueles que disseram não ter condições de poupar. Mas chama a atenção o fato de que mesmo nos extratos mais elevados de renda o volume de poupadores no mês de junho não alcançou nem a metade.

Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, os dados mostram que não é só nas classes de menor renda que a cultura de poupar é um problema. “Quanto menor a renda, maior é a proporção de recursos destinada a gastos básicos, dificultando a formação de reserva. Mas a questão passa por adquirir hábitos de dispor de uma reserva mínima, que possa crescer com o tempo e com o reforço dos juros. Sem reserva financeira, quando os imprevistos acontecem o consumidor acaba sendo empurrado para linhas de crédito que são muito caras, como empréstimos e cheque especial, por exemplo”, analisa.

Outro dado da sondagem revela que 35% dos brasileiros costumam poupar habitualmente, sendo que 28% afirmam guardar o que sobra do orçamento e 7% estipulam um valor a ser poupado. Já 55% dizem não ter o hábito de poupar.

Entre os brasileiros que têm o hábito de poupar, o principal objetivo apontado é cobrir imprevistos que possam surgir (53%). Outro destino para o dinheiro guardado é garantir um futuro melhor à família (37%), enquanto há quem faça uma reserva no caso de desemprego (28%). Além dessas finalidades, 17% disseram juntar para a aposentadoria, 16% para arcar com a educação dos filhos, 15% para viagens e 15% para a reforma da casa.

A velha e conhecida Poupança continua liderando as aplicações, citada por 64% dos que poupam habitualmente. Enquanto guardar dinheiro em casa é a segunda opção, mencionada por 25% dos brasileiros. Em terceiro lugar, aparece a Conta Corrente (15%); em quarto, os Fundos de Investimentos (9%); em quinto, a Previdência Privada (7%); e por último, os CDBs (7%).

A Poupança ainda é a modalidade de investimento mais conhecida pelos brasileiros: 92% já ouviram falar. Em seguida vêm os títulos de capitalização (57%), os planos de previdência privada (53%), as ações em bolsas de valores (42%), os fundos de investimentos (34%), o Tesouro Direto (25%) e os CDBs (25%). “A poupança acaba sendo um método fácil, de baixo risco e isento de taxas. Por permitir o resgate do dinheiro a qualquer momento, torna-se uma opção atrativa. Além de muitas desconhecem outras alternativas oferecidas pelo mercado”, avalia a economista.

Para os entrevistados que fazem escolhas mais conservadoras de investimento, as principais razões: facilidade para sacar os recursos (34%), além da percepção de que têm pouco dinheiro para investir em outras modalidades (26%), conhecimento insuficiente sobre as alternativas disponíveis (21%), hábito de usar modalidades tradicionais (20%) e medo de perder dinheiro (17%).

A sondagem ainda mostra que 38% dos poupadores precisaram sacar alguma parte dos seus recursos em junho. Os imprevistos foram a principal razão para o saque, citado por 13%. Outros 8% sacaram porque os ganhos não haviam sido suficientes, 8% para quitar dívidas pendentes e 5% por estarem sem emprego.

A conjuntura econômica, com o alto índice desemprego e a queda do poder de compra, seguem prejudicando o orçamento das famílias. Na contramão da poupança, o que se vê é um grande contingente de consumidores negativados.

“Mas nem tudo se deve à crise. Há um percentual importante de consumidores que não poupam e admitem não fazer por descontrole ou indisciplina. A negligência do controle financeiro também é uma realidade. Mudar essa realidade é um desafio que requer a superação do desemprego e a disseminação da educação financeira, para que consumidor possa não só poupar, mas tomar melhores decisões na hora de investir”, orienta o educador financeiro do portal "Meu Bolso Feliz’, José Vignoli.

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