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Trisul decide abandonar Minha Casa Minha Vida

19/09/2019 / Categorias Mercado imobiliário , Economia

(Valor Econômico – Empresas – 19/09/2019)

Taís Hirata

A construtora Trisul, que acaba de levantar R$ 405 milhões em sua oferta subsequente de ações, vai abandonar de vez o programa Minha Casa, Minha Vida, segundo o presidente da empresa, Jorge Cury. Os novos investimentos deverão ser aplicados em terrenos e empreendimentos para médio e alto padrão em bairros mais nobres de São Paulo.

Dentro da companhia, os projetos enquadrados no programa habitacional já respondiam por uma parcela menor do negócio - cerca de um terço. Neste ano, a construtora ainda deverá entregar empreendimentos destinados a esse público lançados no passado. “Mas, daqui para frente, não compraremos terrenos para o Minha Casa, Minha Vida. Estamos saindo desse segmento”, afirma o executivo.

Nos últimos meses, o programa tem sofrido com o atraso nos repasses federais, devido à grave restrição orçamentária da União. O governo atual também tem dito que planeja lançar até o fim deste ano uma nova versão da política habitacional - discussões as quais a Trisul não tem acompanhado, segundo Cury.

O presidente diz que a construtora optou por direcionar seus investimentos a segmentos de padrão mais alto, que ele acredita que ter maior potencial de crescimento nos próximos anos.

“No mercado imobiliário de São Paulo, faz mais sentido trabalhar um degrau acima, com projetos de valor entre R$ 250 mil e R$ 400 mil, que estão em uma faixa logo acima do Minha Casa, Minha Vida”, afirma.

O principal foco da companhia serão imóveis de padrão mais alto, em bairros nobres das zonas oeste e sul da capital paulista. “O mercado paulistano já está reagindo, embora o país esteja caminhando em um ritmo mais lento do que se esperava no começo deste governo. A retomada murchou. Mas este é um segmento que descolou do restante da economia”, diz.

Essa retomada pontual, segundo ele, tem sido impulsionada por baixa inflação e pela queda na taxa de juros, o que tem atraído investidores menores, interessados em comprar apartamentos para aluguel. Essa mudança de perfil tem sido notada desde o fim do ano passado. À época, os clientes eram quase 100% famílias, mas, hoje, cerca de 50% deles já são investidores, de acordo com o presidente.

A alta na procura, somada ao bom momento do mercado de capitais no país, propiciaram a oferta de ações recém realizada pela construtora. “Queríamos capitalizar a empresa para o novo ciclo de crescimento”, afirma Cury.

No processo, foram ofertadas 40,5 milhões novas ações ordinárias, com valor fixado em R$ 10 para cada ação - levando ao montante total de R$ 405 milhões, divulgado na última quinta-feira, no dia 12 de setembro.

Com isso, o grupo controlador da Trisul, que abriu o capital da companhia em 2007, diluiu sua participação de 74% para 58%, e aumentou de forma significativa o percentual de ações negociadas em Bolsa.

A partir da capitalização, a construtora terá potencial de cumprir R$ 1 bilhão de Valor Geral de Vendas (VGV) neste ano - a projeção havia sido divulgada em junho ao mercado, mas teve que ser retirada devido à oferta subsequente de ações. A companhia também deverá ter capacidade operacional e financeira para crescer no mesmo ritmo nos últimos anos - o que tem ocorrido em uma média de aproximadamente 30%.

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