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Situação de clientes da PDG ainda é incerta

26/03/2018 / Categorias Mercado imobiliário

Enquanto a PDG estuda uma forma de retomar lançamentos, a situação de centenas de consumidores que compraram imóvel da incorporadora continua incerta. Alguns deles tentam se organizar para repassar os empreendimentos a outra incorporadora. Já outros aguardam uma negociação com bancos para o financiamento do restante das obras.

A empresa tem hoje 19 empreendimentos inacabados, sendo três deles em fase inicial e, portanto, em situação mais complicada. Desses empreendimentos, apenas três entraram no projeto de recuperação. Os demais ficaram de fora, a pedido dos bancos credores, porque têm patrimônio de afetação – uma espécie de poupança para garantir o término das obras.

O projeto The City, um condomínio no Rio de Janeiro com cinco edifícios comerciais, está entre os que ficaram de fora da recuperação, e o médico Stephan Iachtermacher Pacheco, de 41 anos, foi um dos que investiram no projeto. Ele pagou R$ 278 mil por uma sala comercial, que esperava que fosse entregue até julho do ano passado.

O site da incorporadora informa que até agora, no entanto, somente 13% dos revestimentos internos foram colocados e 3% dos acabamentos, concluídos. De todas as fases da obras, apenas a primeira, de serviços preliminares, foi 100% completada.

“Hoje tenho de trabalhar em uma sala alugada no centro por R$ 500. O prejuízo é enorme, porque também ia sublocar minha sala nos horários em que não tivesse atendendo”, diz o médico. Pacheco conta que esteve no escritório da PDG há seis meses, mas saiu de lá sem muita informação: “Eles falaram que não podiam fazer nada”, lembra.

O presidente da incorporadora, Vladimir Ranevsky, afirma que os projetos não incluídos no plano de recuperação precisam ser discutidos um a um.

“Estamos sentando com as instituições financeiras para decidir o que será feito daqui para frente. Começamos essas negociações não faz muito tempo, com o objetivo de entregar esses imóveis para os clientes”, diz. “Mas não tem solução fácil. Qualquer solução depende de terceiros (bancos)”, acrescenta o executivo.

Segundo o Estado apurou, os bancos estariam dispostos a negociar financiamentos apenas para as obras que estiverem adiantadas.

No caso das outras, o próprio Ranevsky admite que será preciso procurar alternativas e cita como possibilidade o repasse do projeto para os compradores tocarem com uma outra incorporadora. “Ainda temos de decidir o que vamos fazer, mas vamos ver uma situação legal”. O executivo, entretanto, não dá um prazo para solucionar os problemas: “Estamos acelerando o máximo possível.”

Nova construtora. O empreendimento Niemeyer Monumental, também de prédios corporativos, em Niterói (RJ), está entre os mais atrasados da PDG. De acordo com a associação de compradores, as obras pararam na fase de escavação.

A arquiteta Ana Lucia Seroa, que adquiriu uma sala comercial do empreendimento, afirma que os cerca de R$ 45 milhões depositados pelos compradores no patrimônio de afetação foram gastos, apesar de a obra mal ter começado. “O dinheiro foi usado e esperamos uma prestação de contas”, diz Ana Lucia.

O presidente da incorporadora garante, porém, que os recursos foram destinados ao projeto. “Você precisa ver o tamanho da escavação lá. E continuamos tendo despesas mesmo no site em que não foi construído nada. Os patrimônios foram protegidos. Não passamos (dinheiro) de um patrimônio para outro. Não existe esse negócio”, afirma Ranevsky.

A falta de recursos no patrimônio pode dificultar o projeto de Ana Lucia e outros compradores para retomar as obras. Eles deverão convocar, nos próximos meses, uma assembleia para desconstituir a PDG e articulam a contratação de um nova construtora.

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