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Rendimento da poupança deve perder da inflação a partir deste mês

01/11/2019 / Categorias Mercado imobiliário , Economia

(Folha S.Paulo – Mercado – 01/11/2019)

Júlia Moura

 

Com a Selic a 5% ao ano, a poupança deve ter juro real negativo a partir de novembro. Ou seja, o juro nominal, que no caso da poupança é 70% da Selic + taxa referencial (TR), descontada a inflação, aponta perda de dinheiro.

A redução na taxa básica de juros, anunciada na quarta-feira (30) pelo Banco Central (BC) levou a poupança a um rendimento anual de 3,5%, já que a TR está em zero. Numa base mensal, esse rendimento é de 0,29%.

Em novembro, a expectativa do mercado para a inflação é de 0,34%, segundo as estimativas do Boletim Focus para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Dessa forma, a inflação anularia todo o rendimento da poupança e ainda tiraria 0,05% do valor do total investido.

De acordo com levantamento do Zoom, plataforma de comércio eletrônico, os seguintes produtos são os mais buscados na faixa de até R$ 500 

O BC sinalizou que deve cortar a Selic novamente em 0,5 ponto percentual em dezembro. A taxa iria para 4,5% ao ano, e o rendimento da poupança, para 3,15%. Na base mensal, a rentabilidade seria de 0,26%, bem menor que a inflação de 0,35% projetada para dezembro.

Em 2020, o cenário piora. O mercado vê possibilidade de mais dois cortes de 0,25 ponto percentual, e a inflação deve acelerar. Ou seja, menos rentabilidade e um aumento maior no nível geral de preços.

A gradual queda no rendimento da poupança leva o pequeno investidor a buscar outros investimentos para manter o rendimento.

"Esse patamar de juros força quem quer mais rentabilidade a buscar risco. Por isso, o fluxo na Bolsa está avançando, tanto de pessoas físicas como de fundos de pensão", afirma Zeina Latif, economista-chefe da XP.

O grande problema é a liquidez. O investidor deve colocar sua reserva de emergência, quantia equivalente a seis meses de gasto em caso de desemprego, em aplicações em que se possa fazer o resgate a qualquer momento.

A Bolsa é extremamente volátil, com bruscas oscilações diárias e imprevisíveis, sendo inadequada para alocar a reserva emergencial.

Para preencher o espaço da poupança, o planejador financeiro José Raymundo, da Planejar, indica fundos DI com baixas taxas de administração ou o Tesouro Selic, que, com a Selic a 4,5%, teria um rendimento quase nulo após dois anos, mas não acarretaria perda de dinheiro. Além disso, ele pode ser resgatado em qualquer momento, sem perda de lucro.

"A partir daí, a sugestão é diversificar e colocar algum dinheiro na Bolsa, mesmo que o investidor seja mais avesso ao risco. Se ele não entende de ações, deve investir de maneira indireta, via fundos, e sempre começar com pouco dinheiro. A dica é ir devagar, ao passo que se aprende sobre esse novo mundo", afirma Raymundo.

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