Alguns dados concretos indicam ser essa uma boa hora para a compra de um imóvel. Tanto para quem pretende investir no setor como para quem está em busca da casa própria.
O mercado imobiliário vem de uma ressaca de três a quatro anos e começa a ensaiar reação há alguns meses. Um movimento que vem sendo detectado por diferentes setores desse segmento, e permite dizer que há ofertas a preços convidativos.
Uma rápida retrospectiva dos últimos dez anos traz uma compreensão melhor do atual cenário. No período entre 2008 e 2014 houve uma forte valorização dos imóveis no País, ressalta o diretor comercial da Setin Incorporadora, Evanilson Bastos. Depois disso, lembra ele, os preços só caíram, houve retração tanto na oferta como na demanda de unidades.
Juros e incertezas - Além dos efeitos diretos da crise financeira que atingiu o País e travou o mercado de imóveis, é importante traçar um paralelo com a taxa de juros, que nesse período zanzava entre 12% e 14% ao ano. Fator que tornava atraentes as aplicações financeiras e o crédito muito caro.
Hoje, a situação é inversa: “Os juros nos financiamentos imobiliários estão abaixo de 9% ao ano, há uma confiança maior do consumidor final para comprar a casa própria”, afirma o diretor. “Ao mesmo tempo, como caiu o rendimento no mercado financeiro, cresce o interesse dos investidores pelos imóveis”.
Acrescente-se a isso o fato de estarmos em um ano de eleições, que traz uma gama de tensões políticas e incertezas econômicas, abrindo espaço para o crescimento de ativos reais, como imóveis, considerados então como um bom refúgio para o dinheiro.
No primeiro trimestre desse ano, o volume de vendas na Setin se apresenta 30% superior em relação ao mesmo período de 2017. “Os preços dos imóveis ainda estão defasados, a oferta é grande, há boas oportunidades e oferta de crédito”, constata Bastos.
No caso de quem levanta um financiamento para a compra de um imóvel, o que representa assumir um compromisso no longo prazo, de 15 a 30 anos, o diretor argumenta que “as incertezas já foram maiores”. Na sua opinião, pelo nível das taxas, preço acomodado e pela situação macroeconômica melhor, o nível de risco é menor.
Reação desde 2017 - Para Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP (Sindicato da Habitação), essa reação foi detectada pelas pesquisas do Sindicato já no terceiro trimestre de 2017, e consolidada de outubro do ano passado e março deste ano. “É um crescimento consistente”, ressalta o economista. “Depois de anos de demanda reprimida, há uma grande aderência aos lançamentos. Está ocorrendo uma redução na perda real no valor do imóvel e uma valorização nominal das unidades”.
Não é possível antecipar nem quanto nem quando vai ocorrer uma alta expressiva dos preços, segundo Petrucci. “Esse é um bom momento para a compra. É possível fazer um bom negócio, especialmente para quem tem uma parcela de 20 a 30% do valor do imóvel para dar de entrada”.
Consumidor final - Maior movimentação nas operações com imóveis foi percebida também pelo Grupo Zap Viva Real, que mantém um portal com 5 mil ofertas, em todo o País, fazendo uma ponte entre incorporadoras, imobiliárias e o consumidor final.
Houve um aumento de 9% na procura por unidades residenciais usadas, no primeiro trimestre deste ano em relação a igual período no ano passado, informa, Cristiane Crisci, Gerente de Inteligência de Mercado, do Grupo. “Quem pretende comprar um imóvel hoje encontra uma ampla oferta, diz a gerente. “Há imóveis usados, os lançamentos, e as unidades novas que estão nos estoques das incorporadoras, com preços atraentes”.
Pesquisa realizada em abril com usuários do portal Zap Vila Real revelou que, no primeiro trimestre do ano, o comprador conseguiu descontos em torno de 13%, em relação ao valor pedido inicialmente. A procura maior é por imóveis para moradia, 61%, enquanto os 39% restantes são investidores, que pretendem obter renda com aluguel. Entre os participantes do levantamento, que haviam comprado imóveis nos últimos 12 meses, 59% fecharam negócio com imóveis usados.
Esse estudo sobre o comportamento do mercado imobiliário foi iniciado pelo Grupo em 2014, e de lá para cá a percepção dos usuários sobre os preços mudou bastante. Na ocasião, a parcela dos compradores que considerava os preços “altos ou muito altos” era de 84%. Esse porcentual caiu para 45% na última pesquisa. Ao mesmo tempo, houve um crescimento dos que consideram os preços “baixo ou muito baixos”, de 4% para 17%.
“Nas grandes cidades, como São Paulo, Rio, Porto Alegre ou Campinas, há um interesse maior do comprador por unidades de 2 e 3 dormitórios e também pelos apartamentos menores, com um dormitório, mas com boa localização”, afirma a gerente.
Em São Paulo, é possível identificar ainda uma retomada de negócios com as unidades de alto padrão, “muito provavelmente, em função do baixo nível de lançamento nos últimos anos, e demanda represada”. Paralelamente, segundo ela, os estúdios localizados próximos a shoppings e estações do metrô, sem garagem, é cobiçado pelo público mais jovem em busca de facilidade com serviços e mobilidade.
O fato de a Caixa Econômica Federal ter voltado a financiar até 70% do valor imóvel é outra fonte de estímulo para o aquecimento dos negócios. “Essa dinâmica puxa os outros bancos, a inflação baixa e estável e sinais de crescimento do PIB aumentam a confiança do comprador”, pontua Crisci.