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Passado da Cyrela ajuda construtora a sair da crise

26/03/2018 / Categorias Mercado imobiliário

Um cliente de empreendimento da Cyrela entregue no bairro paulistano da Lapa se queixou de que havia recebido um imóvel muito melhor do que esperava. A reclamação foi justificada pelo comprador pelo fato de que não poderia convidar a família para visitá-lo, pois os parentes pensariam que ele estava rico por morar em um empreendimento assim. A história foi contada, na sexta-feira, por Efraim Horn, copresidente da Cyrela, no início da teleconferência para comentar os resultados da companhia. Segundo Horn, a reputação da Cyrela contribui para a velocidade de venda dos imóveis.

O bom humor do filho de Elie Horn - fundador da Cyrela - destoa bastante da postura da companhia no início do ano passado, quando o setor estava fortemente impactado pelos distratos. As rescisões de vendas ainda não foram regulamentadas, mas o efeito dos cancelamentos nos resultados das incorporadoras vêm diminuindo à medida que cai o volume de entregas. "Em 2017, lançamos menos do que gostaríamos porque o ano começou muito nebuloso", contou o copresidente. Segundo ele, a retomada da Cyrela poderia ter sido mais rápida se já houvesse uma solução para distratos.

A companhia estima que, em 2018, o patamar trimestral de distratos ficará próximo ao dos três últimos meses de 2017, abaixo dos outros períodos do ano passado. A Cyrela espera venda de estoques superior à de 2017 e que o impacto das rescisões na venda de unidades prontas seja menor. Nos planos para 2018, estão também elevar lançamentos e dar continuidade à geração de caixa. No quarto trimestre de 2017, a Cyrela gerou caixa de R$ 245 milhões e, no acumulado do ano, de R$ 712 milhões.

Depois de ter anunciado, na quinta-feira, distribuição de dividendos extraordinários de R$ 200 milhões, a companhia considera a possibilidade de oferecer, novamente, proventos adicionais aos acionistas no segundo semestre. A nova distribuição depende de a perspectiva de geração de caixa em 2018 ser confirmada. A companhia utilizará os recursos também para redução do endividamento.

Cerca de 80% dos lançamentos da Cyrela deste ano serão na cidade de São Paulo. Mas a companhia poderá ter de postergar 30% dos projetos que estavam previstos para a capital paulista se a liminar que suspende o direito de protocolo for mantida. Por esse direito, projetos protocolados antes de a nova Lei de Zoneamento da cidade de São Paulo ter entrado em vigor, em 2016, seriam submetidos às regras da legislação anterior. "Esperamos a razoabilidade de a liminar que impede lançamento de projetos protocolados não ser mantida", diz Horn.

Caso a liminar não seja derrubada, empreendimentos da Cyrela enquadrados na nova Lei de Zoneamento que estavam programados para serem lançados "em um futuro distante" podem ser antecipados. "A Cyrela tem muitos terrenos para lançar projetos", ressaltou o copresidente.

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