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Paladin vai lançar mais, porém adota postura cautelosa

03/06/2019 / Categorias Mercado imobiliário , Economia

(Valor Econômico – Empresas – 03/06/2019)

Chiara Quintão

A gestora americana de recursos com foco no mercado imobiliário Paladin Realty Partners avalia que seria possível lançar Valor Geral de Vendas (VGV) de empreendimentos, em conjunto com incorporadoras parceiras, superior ao R$ 1,2 bilhão previsto para este ano se o cenário de aprovação das reformas estivesse mais definido e houvesse menos variação cambial, fatores que afetam, diretamente, a decisão de investidores estrangeiros. "Estamos medindo muito bem os nossos passos", diz o diretor no Brasil da Paladin, Ricardo Raoul.

Desde setembro, com as indicações de que Jair Bolsonaro (PSL) seria o vencedor da disputa ao cargo de presidente da República, o otimismo da gestora em relação ao Brasil aumentou, de acordo com o executivo, mas a expectativa era de que as reformas ocorreriam mais rapidamente. "Não esperávamos que haveria tantas turbulências", diz o diretor. Segundo Raoul, "o governo tem boas intenções em relação à economia, mas os poderes precisam conversar melhor".

A decisão de lançar R$ 1,2 bilhão - 50% a mais do que os R$ 800 milhões apresentados em 2018 - se sustenta, de acordo com o executivo, pelo otimismo dos consumidores em relação às oportunidades de compra. "Mas se as reformas não se concretizarem, a confiança do comprador vai secar", avalia.

No ano passado, a gestora investiu US$ 150 milhões no Brasil, com concentração dos aportes na aquisição de terrenos para desenvolver projetos na cidade de São Paulo. Para 2019, a gestora também tem US$ 150 milhões comprometidos, mas o desembolso não deve superar US$ 100 milhões, por causa das indefinições do ambiente econômico. Os recursos a serem investidos se destinam, principalmente, à compra de áreas para lançamentos a serem feitos em 2020.

O Brasil responde hoje por 45% dos negócios da Paladin, fatia que foi de 65% em 2013. A gestora é sempre majoritária nos projetos e tem como parceiros as incorporadoras You, Idea!Zarvos e Kallas. Outras duas parcerias estão na reta final para serem fechadas. No curto prazo, todos os novos investimentos vão se concentrar na cidade de São Paulo - maior mercado imobiliário do país.

O foco em empreendimentos residenciais para as rendas média e média-alta continua, mas projetos de maior porte e perfil de uso misto foram incorporados à estratégia da Paladin e vão ganhar relevância a partir deste ano. "Cada vez mais, a cidade de São Paulo precisa de projetos integrados, para que as pessoas possam morar perto de onde trabalham", afirma Raoul.

Nessa linha, a gestora lançou o Core Pinheiros, em parceria com a You e com a Toledo Ferrari, empreendimento de uso misto localizado entre a Rebouças, a Arthur de Azevedo, a Cristiano Viana e a Alves Guimarães, no bairro de Pinheiros, com VGV de R$ 400 milhões. O projeto tem uma torre residencial, uma torre com hotel e consultórios médicos e uma clínica do hospital Albert Einstein.

A Paladin foi acionista da You de abril de 2012 a outubro de 2018, quando vendeu seus 20% para o fundador da incorporadora, Abrão Muszkat. Segundo Raoul, a intenção era sair do capital da You por meio de oferta de ações, mas não houve abertura do mercado de capitais, e o fundo já estava no limite do prazo do investimento na empresa. "Se existir uma janela no mercado de capitais, será daqui a muitos anos", avalia o executivo.

A parceria em projetos continua - além do Core Pinheiros, a Paladin vai apresentar, em parceria com a You, empreendimento na Vila Madalena, no próximo mês, com VGV de R$ 210 milhões, e tem outro previsto para a Vila Mariana, em agosto, com VGV de R$ 260 milhões. Até outubro de 2020, a Paladin tem direito de preferência nos projetos da You, mas a gestora pretende se dedicar mais a parcerias de projetos com outros sócios.

Também em outubro, houve outra mudança nos investimentos da Paladin no Brasil, quando a gestora deixou de ser a maior acionista da Viver Incorporadora, posição que passou a ser ocupada por fundo da Jive Asset Gestão de Recursos. A Paladin, que chegou a 35% de participação na incorporadora, tem 5%, fatia da qual irá se desfazer no mercado. A gestora fez baixa contábil de seu investimento na Viver quando a empresa pediu recuperação judicial em 2016.

Com a Kallas, a Paladin vai lançar, no quarto trimestre, empreendimento com VGV de R$ 120 milhões, na zona Sul de São Paulo, para as classes média e média-baixa. Em parceria com a Idea!Zarvos, a gestora espera apresentar projeto de uso misto, com VGV de R$ 230 milhões, a ser confirmado.

No radar da Paladin, está também a entrada no segmento residencial para renda por meio de aluguel. "É um ótimo modelo para se abrir capital por meio de fundos imobiliários", diz Raoul.

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