O financiamento imobiliário atingiu, em 2017, R$ 101 bilhões, o menor nível desde 2010 (R$ 81 bilhões). O Norte e o Nordeste foram os mais afetados neste cenário, com quedas até 30 pontos percentuais maiores do que a variação média brasileira, de -7,4%.

Os últimos dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), divulgados ontem, apontam que o financiamento por FGTS fechou 2017 em R$ 58 bilhões.

O valor, mesmo sendo 15,5% abaixo do registrado em 2016 (de R$ 68 bilhões), ainda é 34,8% maior do que o visto no Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), que encerrou o ano passado com R$ 43 bilhões – queda de 7,4% frente aos R$ 47 bilhões vistos em 2016.

O presidente da associação, Gilberto Duarte de Abreu Filho afirma que mesmo que 2017 tenha sido pior do que o esperado, a expectativa é de “retomada gradual”.

“A crise do mercado não atinge igualmente todas as praças e, com isso, algumas regiões podem demorar para sentir resultados mais positivos”, pondera o executivo.

Na abertura por localidades do SBPE, onde a média do País em 2017 foi a queda de 7,4%, os desfechos são bastante diferentes.

Enquanto o Centro-Oeste mostrou altas de 10% no Mato Grosso e de 4% no Mato Grosso do Sul, as regiões Norte e Nordeste registraram quedas de 38% no Acre e no Maranhão e de 29% em Roraima.

“Mesmo que o financiamento tenha sofrido menos, há exemplos mais extremos no Norte e no Nordeste que registraram recuos importantes e que podem não reagir da mesma forma”, pondera Abreu.

“Além disso, vale destacar economias importantes do Sudeste. O Rio de Janeiro e Minas Gerais, por exemplo, que sofreram com a crise, também refletiram esses impactos”, diz. A queda nos dois estados foi de 9% e 14%, respectivamente.

Aquisição e construção - Na divisão por financiamento a consumidores e empresas, por sua vez, enquanto o Norte e o Nordeste ainda mostram os piores resultados nos empréstimos para a compra de imóveis, também são os que mais se destacam nos financiamentos para construção.

Na ponta da aquisição, Roraima, Amapá e Rio Grande do Norte mostraram quedas de 31%, 25% e 26% nos financiamentos em 2017 contra a média brasileira de -5,5%.

Na construção, por sua vez, mesmo com os recuos de 94% no Maranhão e 89% no Acre, os estados do Amapá, Tocantins e Rondônia tiveram aumentos de 98%, 253% e 25%, respectivamente. A média do País foi um recuo de 13,8%.

Agenda e expectativas - Quanto à agenda e às expectativas do setor, o presidente da associação destaca resultados mais positivos para 2018.

As projeções da Abecip são de um aumento d e 9% no saldo da poupança neste ano, para R$ 614 bilhões (contra os R$ 564 bilhões de 2017), além de um avanço de 15% nos financiamentos totais, de R$ 101 bilhões para R$ 116 bilhões.

Abreu também comenta que a Letra Imobiliária Garantida (LIG) deverá ser concretizada ainda neste ano e que, mesmo ante o ambiente de incertezas, as perspectivas são boas.

“Claro que a menor atuação da Caixa pode afetar o mercado, assim como as incertezas em relação às reformas e à eleição também podem influenciar positiva ou negativamente nos juros de longo prazo. Mas acreditamos na recuperação moderada da economia e em um ano melhor para o setor”, conclui.