No setor imobiliário, a palavra que os profissionais usam para qualificar o mercado atualmente é “travado”. Quem quer ou precisa vender tem encontrado muita dificuldade.
Dois corretores que sempre trabalharam em dupla. Antes, era para dar conta dos clientes. Hoje, para juntar forças contra a crise. “Conta o desespero das pessoas para vender, conta os preços. As pessoas querem comprar cada vez mais barato”, diz o corretor de imóveis Victor Rodrigues.
O mercado está parado mesmo. Em julho, o preço dos imóveis novos e usados caiu no Brasil. Os lançamentos de imóveis de médio e alto padrão aumentaram quase 70% no mesmo período, e as vendas caíram.
“O mercado imobiliário se retrai por dois fatores: alta de juros e queda na confiança. Se você hoje não tem confiança que seu emprego vai continuar e que sua renda vai aumentar, você não vai aceitar entrar numa dívida maior ou assumir um compromisso maior”, explica o especialista em mercado imobiliário Bruno Sindona.
Está travado o mercado imobiliário. O que a gente vê é um monte de gente esperando vender um imóvel para comprar outro. Aí, o negócio não sai. Só que esse cenário não interessa para ninguém, e de uns meses para cá, tem gente que encontrou uma saída. Afinal, é de mudança que vive o mercado imobiliário.
Indiferente ao momento econômico, o Davi nasceu e deixou o apartamento pequeno demais. “Nós temos algumas experiências, aqui mesmo no condomínio, de pessoas que estão vendendo o apartamento há um ano, há dois anos. Nós não esperávamos que ia vender assim de uma hora para outra”, afirma a supervisora de RH Barbara Serricchio.
A gente só está vendo o apartamento cheio de caixas porque, do outro lado, tinha uma outra família morando em uma casa, cansada de esperar. Aí eles aceitaram o apartamento como parte do pagamento
“Mais pela dificuldade mesmo. Já estava há muito tempo tentando vender, há 14 meses tentando vender. A gente acabou aceitando para não ficar mais tempo adiando, procurando”, conta a dona de casa Aline Fernandes.
Na incorporadora de imóveis populares, 100% das compras ou vendas recentes envolveram permuta. “Tivemos caso de vigilante que ofereceu serviço e trabalhou na própria obra que comprou ou no apartamento. Coisas desse tipo. Não só a gente aceita permuta como forma de pagamento, como a gente também paga em permuta, com essa baixa liquidez, a criatividade é o que resolve o mercado”, diz Bruno Sindora.