(Estado S.Paulo – Notícias – 14/10/2019)
Setembro foi, até agora, o melhor mês do ano para a captação de recursos das cadernetas de poupança do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), com ingressos líquidos de R$ 8,7 bilhões. No biênio 2018/2019, o número só foi inferior ao das entradas líquidas de dezembro do ano passado (R$ 12,2 bilhões), lembrando-se que os finais de ano são atípicos, pois a maioria dos depositantes aplica parte do décimo terceiro salário e de gratificações de fim de ano.
A melhora das cadernetas em setembro se concentrou no SBPE, que emprega os recursos no financiamento à moradia. Resultados menos expressivos apareceram na poupança rural, operada principalmente pelo Banco do Brasil, com ingressos líquidos de R$ 633 milhões.
A entrada de recursos em setembro não eliminou o déficit acumulado nos primeiros nove meses do ano. No SBPE, a captação líquida do período ainda é negativa em R$ 3,9 bilhões e, na poupança rural, em R$ 2,2 bilhões. Como os saldos da poupança rural equivalem a 28% dos saldos da poupança SBPE, as retiradas foram mais intensas no Banco do Brasil.
A captação líquida das cadernetas ganha importância num momento de recuperação do mercado imobiliário e de queda de juros, que não afastou os aplicadores em poupança.
Em 2019, até agosto, os bancos emprestaram R$ 47,1 bilhões para a habitação, 31,4% mais do que em igual período de 2018. Em 12 meses, até agosto, os créditos de R$ 68,6 bilhões do SBPE superaram em 37,8% os concedidos nos 12 meses anteriores. Foram financiadas 267,5 mil unidades, 34% mais do que nos 12 meses precedentes. A força da demanda de recursos tornou-se evidente com a divulgação, pela Caixa Econômica Federal (CEF), de que R$ 1 bilhão fo1 emprestado na nova linha corrigida pela inflação oficial (IPCA). Nessa modalidade, as prestações iniciais são muito inferiores às das demais linhas.
A existência de crédito farto é crucial num momento em que os indicadores do sindicato da habitação (secovisp) e da associação das incorporadoras (Abrainc) mostram que começa a se firmar a tendência de retomada do mercado de imóveis, puxado pelos bons resultados de São Paulo.
Os bancos privados mostram disposição de ampliar a oferta de crédito, tanto que anunciaram, nos últimos dias, redução expressiva nas taxas cobradas dos mutuários.