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Incorporadoras ampliam receita e reduzem prejuízo

17/08/2018 / Categorias Mercado imobiliário

O setor de incorporação apresentou resultados melhores, no segundo trimestre, na comparação anual, embora os números consolidados ainda apontem para prejuízo líquido de R$ 553,7 milhões, conforme levantamento do Valor. A perda foi reduzida em 60,8% como reflexo, na composição da receita e das margens, da diminuição dos distratos e da maior participação de empreendimentos das safras dos últimos anos, mais rentáveis.

Analistas esperam continuidade, no segundo semestre, da melhora gradual do desempenho financeiro das incorporadoras de capital aberto, com recuperação mais expressiva a partir do próximo ano, considerando-se o ciclo longo do setor.

À medida que as entregas de projetos diminuem, a tendência é que cancelamentos de vendas sigam em queda, com novos efeitos positivos na receita e nas margens. Há expectativa de aumento dos lançamentos e das vendas no segundo semestre.

No segundo trimestre, a EZTec teve lucro líquido de R$ 14,7 milhões, com queda de 33% na comparação anual. Sem lançar empreendimentos no período, a incorporadora registrou queda de 35% na receita líquida, para R$ 68,9 milhões. De acordo com o diretor financeiro e de relações com investidores, Emílio Fugazza, a companhia terá receita e lucros mais representativos em 2019, com avanço de obras de novos lançamentos.

Analistas ressaltam que o consequente aumento esperado para a receita e a redução dos distratos vão possibilitar maior diluição de despesas pelo setor, contribuindo para a melhora dos resultados líquidos das companhias.

No segundo trimestre, a receita líquida do setor cresceu 12,1%, para R$ 3,946 bilhões. A margem bruta consolidada passou de 19,6%, de abril a junho de 2017, para 23,1% no intervalo equivalente deste ano. O período foi marcado também pela forte geração de caixa pelo setor. No fim de junho, a alavancagem medida por dívida líquida sobre patrimônio líquido do total das incorporadoras listadas em bolsa era de 54%, bem abaixo dos 78,1% de um ano antes.

Os dados consolidam números de CR2, Cyrela, Direcional Engenharia, Even Construtora e Incorporadora, EZTec, Gafisa, Helbor, João Fortes, MRV Engenharia, PDG Realty, RNI Negócios Imobiliários, Rossi Residencial, Tecnisa, Tenda, Trisul e Viver Incorporadora.

Sem considerar a PDG - empresa em recuperação judicial que respondeu sozinha por 39,2% do prejuízo líquido do setor - a perda teria sido de R$ 213,9 milhões, com queda de 75,7% ante o segundo trimestre do ano passado. A expansão da receita líquida setorial, excluindo a PDG, seria de 12,3%, ante o mesmo período do ano passado, para R$ 3,776 bilhões, e a margem bruta consolidada passaria de 18,9% para 25,3%.

Na primeira metade do ano, o setor apresentou menos projetos do que o inicialmente previsto, principalmente devido à liminar que suspendeu o direito de protocolo, na cidade de São Paulo, maior mercado imobiliário do país. Houve também impacto dos primeiros fins de semana da Copa do Mundo da Fifa nos lançamentos do trimestre. Mesmo assim, o setor lançou 45,6% a mais, de abril a junho, na comparação anual, chegando a R$ 2,949 bilhões, e elevou em 14% o Valor Geral de Vendas (VGV) do semestre, para R$ 6,547 bilhões.

Não se espera impacto expressivo das eleições no ritmo de lançamentos do setor, mas os rumos do processo continuarão a ser monitorados de perto pelas incorporadoras na tomada de decisão em relação a novos projetos.

A Tecnisa, por exemplo, tem R$ 1,1 bilhão de projetos aprovados, em São Paulo, e R$ 1,8 bilhão no total dos mercados em que possui terrenos. De acordo com o presidente da companhia, Joseph Nigri, os lançamentos, neste semestre, dependerão da redução dos estoques de imóveis prontos e do cenário eleitoral. A incorporadora não apresentou nenhum projeto ao mercado na primeira metade de 2018.

No trimestre, as vendas líquidas do setor aumentaram 24,5%, para R$ 4,133 bilhões. De janeiro a junho, as vendas tiveram incremento de 25,2%, para R$ 7,609 bilhões, Já os distratos apresentaram queda de 22,6%, para R$ 1,382 bilhão, no trimestre, e redução de 23%, no semestre, para R$ 2,672 bilhões.

Analistas ressaltam o desempenho da MRV e da Tenda - incorporadoras que têm como foco projetos enquadrados no Minha Casa, Minha Vida -, e da Direcional - nas faixas 2 e 3 do programa habitacional. Cyrela também se destacou em empreendimentos do programa, por meio das joint ventures Cury e Plano & Plano.

"No segundo semestre, as empresas com foco na baixa renda continuarão a apresentar os melhores resultados na combinação de lucro líquido e geração de caixa. As incorporadoras com atuação no segmento de média e alta renda terão leve melhora nos balanços", diz um analista setorial.

A combinação de entregas de empreendimentos e menos desembolsos com obras tem resultado na geração de caixa pelas incorporadoras. Segundo outro analista, há expectativa que as empresas continuem a gerar caixa, mas em proporção menor do que vem ocorrendo, devido à diminuição do que será entregue.

A Tenda informou que espera continuidade da geração de caixa, mas abaixo da que tem obtido. Isso se deve às aquisições de terrenos para dar suporte ao crescimento planejado.

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