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Gafisa marca assembleia para renovação do conselho dia 25/9 e disputa societária aumenta

15/08/2018 / Categorias Mercado imobiliário

São Paulo - A disputa societária em torno do controle da Gafisa se intensificou, quando o conselho de administração da incorporadora se reuniu ontem para deliberar sobre o pedido feito no fim de julho pela maior acionista - a gestora de investimentos GWI Group, com 25,7% das ações - para destituir o colegiado e eleger novos nomes.

Os conselheiros decidiram convocar uma assembleia geral, que será realizada em 25 de setembro, para votar a destituição do grupo. Caso essa proposta seja aprovada, os acionistas poderão escolher entre duas chapas para eleger o novo conselho, sendo uma apontada pela administração e outra pela GWI.

Na reunião, o conselho se colocou contra a destituição, em uma manifestação que teve cinco votos contrários e duas abstenções. As conselheiras Ana Maria Recart e Karen Sanchez Guimarães, representantes da GWI, abriram mão de votar. A manifestação negativa foi justificada pela falta de apresentação de motivos da GWI em seu pedido para diluição do colegiado.

Em vez de expor suas razões, a GWI comunicou apenas os nomes de seus indicados na chapa para ocupar o novo conselho. Entre os sete integrantes, estão as duas atuais representantes, além do presidente da gestora, Mu Hak You, seu filho, Thiago You, e outras três pessoas de confiança da gestora.

Por sua vez, a chapa da administração é composta por cinco membros atuais (Odair Garcia Senra, presidente do conselho; Guilherme Vilazante, Tomás Rocha Awad, Eric Alencar e Rodolpho Amboss) e dois nomes novos (Francisco Vidal Luna e Carlos Tonanni).

Na assembleia, os acionistas podem pedir que a escolha ocorra por meio do voto múltiplo. Nesse caso, as chapas se desfazem, e a votação poderá ocorrer nos membros individuais.

"A chapa da administração tem membros independentes e conhecedores profundos de empreendimentos do setor. A chapa da GWI tem pessoas ligadas à empresa, que é uma gestora de investimentos financeiros, incluindo ativos imobiliários", pontuou uma fonte a par das discussões, indicando que a Gafisa poderá tomar rumos muito diferentes caso se confirme a renovação do colegiado.

Como o processo poderá resultar na eleição de 100% dos membros do conselho por um único acionista, sem que tal concentração seja acompanhada, necessariamente, de benefício para os demais investidores, os conselheiros também decidiram na reunião de hoje autorizar que a administração desenvolva potenciais alternativas estratégicas, inclusive por meio da aquisição do controle por terceiros ou de uma combinação de negócios. Assim, a diretoria ficou autorizada a contratar assessores financeiros e jurídicos para auxiliar o desenvolvimento dessas alternativas.

Na prática, a medida abre caminho para um eventual avanço da própria GWI sobre o capital da Gafisa. Sua participação na incorporadora saiu de menos de 5% em outubro de 2017 para os atuais 25,7%. Em janeiro, inclusive, uma assembleia de acionistas aprovou aumentar, de 30% para 50% do total de ações, o porcentual limite que obriga o acionista a efetivar oferta pública de aquisição das ações (OPA) dos demais acionistas.

Bastidores  - Insatisfeita com os resultados da Gafisa, a GWI quer aumentar sua participação no conselho para dar as cartas na gestão. Nos seus planos, estão, por exemplo, a intensificação nos cortes de custos da empresa. Nesse sentido, são consideradas mudança na sede (hoje localizada em um prédio de alto padrão na Marginal Pinheiros, ao lado do shopping center Eldorado, na zonal sul de São Paulo) e revisão na política de remuneração dos executivos. Uma troca de nomes na alta gestão também não está descartada. Procurada, a GWI e a Gafisa não se manifestam sobre o assunto.

A disputa societária na Gafisa vem justamente no momento em que a incorporadora esboçou os primeiros sinais de inflexão de seus resultados. O balanço do segundo trimestre mostrou expansão dos lançamentos e das vendas de imóveis, aumento das margens e o retorno do Ebitda (lucro operacional) ao campo positivo após vários trimestres no vermelho. Apesar disso, ainda restam desafios importantes para a companhia, que acumulou no semestre um prejuízo de R$ 85 milhões e alavancagem (relação entre dívida e patrimônio líquido) de 82,8%, uma das mais altas entre as empresas do setor listadas na bolsa.

Em entrevista ao Broadcast na última quinta-feira (9), o diretor de relações com investidores da Gafisa, Carlos Calheiros, avaliou que o balanço tende a seguir melhorando gradualmente, uma vez que os resultados no setor da construção levam tempo para amadurecerem. A reestruturação da Gafisa começou há dois anos, em meio à crise nacional, e foi baseada na seletividade nos lançamentos de novos projetos, com prioridade à desova do estoque, à redução dos custos e à diminuição do nível alto de endividamento. "O resultado ainda esta abaixo da média do setor, mas a inflexão já está acontecendo. Esperamos que os números sejam cada vez melhores para os próximos trimestres", afirmou.

A analista de construção civil do BB Investimentos, Georgia Jorge, publicou relatório com elogios aos avanços no balanço da Gafisa e ponderou que vê com preocupação a disputa societária neste momento. "Vemos esse movimento com cautela, pois o conselho executivo da Gafisa vem tomando medidas para criar valor para a empresa comprovadamente adequados e que contribuirão para a melhoria das margens e sua gradual desalavancagem", afirmou Georgia. Na sua opinião, a mudança no conselho de administração pode, eventualmente, alterar o plano de ação atual e causar impactos negativos nas operações.

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