(O Estado de S. Paulo – Economia e Negócios – 04/12/2018)
A economia vem dando sinais de melhora, mas o crédito continua escasso e caro. Segundo a última nota divulgada pelo Banco Central (BC), o estoque de operações de crédito do sistema financeiro permaneceu estável em outubro, tendo somado R$ 3,164 trilhões, apresentando queda de 0,2% em relação a setembro e alta de 3,5% em 12 meses – abaixo, portanto, da projeção do BC de uma elevação este ano de 4% do crédito total. Nota-se, em primeiro lugar, um crescimento de 1,1% do total no crédito à pessoa física e uma baixa de 1,6% nas operações para pessoas jurídicas.
Além de fatores sazonais, os empréstimos para as empresas foram afetados pela variação média de 7,1% da taxa de câmbio, o que prejudicou as linhas para o comércio exterior. Sempre em outubro em comparação com o mês anterior, os saldos dos empréstimos caíram tanto para a indústria (-1,8%), ficando em R$ 648,24 bilhões, quanto para o setor de serviços (-1,9%, totalizando R$ 719,35 bilhões) e para o agronegócio (-0,9%, ficando em R$ 24,60 bilhões). O estoque do crédito livre avançou 0,2% em outubro, enquanto o total do crédito direcionado teve queda de 0,6%, o que é explicado pela retração de 1,8% dos financiamentos do BNDES.
Graças a um maior número de dias úteis em outubro, as concessões de empréstimos livres tiveram elevação de 9,9% no mês, em comparação com setembro, alcançando R$ 295 bilhões – sendo de R$ 165,6 bilhões, com alta de 13,7%, os empréstimos para pessoas físicas; e os restantes R$ 129,5 bilhões para pessoas jurídicas (+5,3%).
O Indicador de Custo de Crédito (ICC) subiu 0,1 ponto porcentual em outubro, ante setembro. Nesse período, a taxa no crédito livre passou de 37,9% para 38,0% para empresas e de 51,9% para 52,0% ao ano para a pessoa física. O mesmo se verificou no cheque especial, cuja taxa, ainda proibitiva, passou de 300,4% para 301,4%. Desde julho, os bancos podem oferecer a clientes parcelamento do cheque especial para modalidades com juros mais baixos, como o crédito pessoal (taxa de 45,6%), mas nada indica que essa migração seja hoje significativa.
Com a inadimplência estacionada em 4,1%, o único bom sinal foi uma alta de 0,7% no estoque nas linhas para capital de giro em outubro, o que, segundo o BC, poderia indicar uma virada. Resta, porém, uma queda de 1,9% nessa modalidade nos últimos 12 meses.