Esse é um momento particularmente otimista na vida dos brasileiros e dos mais importantes setores da economia, mas se o Brasil e o mercado de imóveis viveram anos difíceis, já se vislumbra um horizonte promissor.
O setor imobiliário tem capacidade de gerar parcela expressiva de investimento fixo do País, em emprego e renda e, ainda, é capaz de mobilizar uma longa cadeia produtiva. Possui enorme visibilidade, pois a moradia está no centro da vidadas famílias e é o mais importante item do patrimônio da maioria das pessoas.
De meados da década passada até o início desta, as grandes empresas incorporadoras e construtoras viveram uma enorme revolução. Muitas se tornaram companhias abertas, capitalizaram-se nos IPOs, investiram pesadamente em tecnologia e management, abriram pontes com o exterior, fortaleceram estoques de lotes edificáveis ou ingressaram em novos segmentos, como o programa federal Minha Casa, Minha Vida.
Numa conjuntura propícia, que combinou crescimento econômico, inflação moderada e oferta satisfatória de recursos, as incorporadoras se alavancaram para cumprir seu papel. Pautas importantes, como a regulamentação dos distratos, são determinantes para impactar positivamente o setor e proporcionar melhorias ao mercado e à sociedade.
A atuação das empresas da construção civil apoiada nos recursos do crédito imobiliário significou uma redenção para as famílias, ao reduzir o déficit habitacional histórico. Chegou-se ao topo em 2014. Até que começou a reversão das expectativas.
A maior recessão da história do Brasil atingiu em cheio empresas e consumidores, inclusive o mercado e o crédito imobiliário. Empresas que superestimaram vendas e desprezaram o risco dos distratos perderam liquidez e tiveram de tomar mais capital, reestruturar dívidas ou fechar.
Houve prejuízo para consumidores finais, fornecedores, bancos, que ainda acumulam imóveis retomados para liquidar em leilões- o que foge de seu core business.
Do pico de financiamentos de 2014, o número de unidades caiu para pouco mais de 180 mil em 12 meses até junho de 2017, enquanto os empréstimos cediam para R$ 45 bilhões.
Inadimplência baixa e juros módicos evitaram o pior. Cidadãos que renunciam contratos não devem ignorar que estão pondo em risco a entrega das chaves a outras pessoas que esperam que as construtoras concluam as obras.
Sem recursos, atrasos são frequentes e há casos de insolvência. Cabe evitar, a todo custo, que pessoas físicas prejudiquem outras.
Felizmente, as autoridades estão cientes dos problemas e de suas nuances. Avançam os entendimentos para encontrar um ponto de equilíbrio para produtores e consumidores. O governo tem agido com o cuidado necessário em terreno tão delicado.
A conjuntura macroeconômica favorece as soluções. Para muitos, há fatos inéditos, como um IPCA inferior a 3% em 12 meses e a perspectiva de um juro básico na casa dos 7% ainda neste ano. O Brasil será beneficiado com isso, assim como o segmento imobiliário.
A regulamentação dos distratos atrairá a retomada dos investimentos. Esses, por sua vez, vão gerar empregos e, claro, colaborar em parte com a recuperação econômica do País.