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Construtoras investem em locação para atender quem não quer mais comprar imóvel

14/02/2019 / Categorias Mercado imobiliário , Economia

(Época Negócios – Empresa – 14/02/2019)

Patrícia Basilio

Com o alto preço dos imóveis, principalmente nas metrópoles, muitos brasileiros deixaram de lado o sonho de ter um imóvel e embarcaram na ideia do aluguel. O trânsito carregado de grandes cidades também tem feito vários profissionais, especialmente os jovens, optarem por morar perto do emprego da vez, em vez de investir na casa própria. Para atender exclusivamente a este público, a mineira MRV e a Vitaconestão apostando em startups para o mercado de locação.

Com a maior demanda por locação, as incorporadoras estão construindo imóveis exclusivamente para locar os apartamentos. As startups são responsáveis tanto por anunciar essas unidades como por toda a burocracia do processo, uma vez que elas são as locatárias do empreendimento. 

A startup Luggo foi lançada pela MRV em Belo Horizonte (MG) no fim do ano passado e os primeiros apartamentos começaram a ser vendidos em janeiro. As unidades possuem dois dormitórios e acabamento completo — com pisos, armários planejados, luminárias e box no banheiro. O condimínio Residencial Cipreste também possui academia, playground, churrasqueira e salão de festas.

O modelo para locação está em fase de teste e, segundo a MRV, pode ainda sofrer alterações tanto na estrutura física das unidades quanto em questões contratuais. Entre as mudanças estudadas, está a possibilidade de o locatário negociar a compra do imóvel que aluga com mais facilidade. No projeto-piloto, não é exigido fiador e é possível se mudar em 72 horas.

De acordo com Rodrigo Resende, diretor de marketing e vendas da MRV, não há risco de o Luggo conflitar com a MRV, uma vez que quem busca a construtora mineira sabe que quer comprar um imóvel. “Esse público está em outra fase da vida.”

Com a maior demanda dos brasileiros por flexibilidade na moradia, a Vitacon lançou em janeiro o primeiro condomínio da Housi, startup de aluguel, na capital paulista. O edifício, 100% focado em locação, conta com apartamentos mobiliados, segurados e até com serviço de camareira — em estilo semelhante aos flats executivos.

Segundo Alexandre Lafer, CEO da Vitacon, além deste prédio, há mais quatro em construção em São Paulo no momento. Até o final do ano, novas unidades também serão lançadas no Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA) e Florianópólis (SC).

Uma vez que os apartamentos são da própria construtora, o valor do aluguel é definido pela Vitacon por meio de algoritmos — se a unidade estiver localizada próxima a uma universidade ou a uma praia, por exemplo, os preços tendem a aumentar na alta temporada.

"O hábito de consumo da população mudou, principalmente com a internet. Hoje, as pessoas olham os imóveis pela internet e querem se sentir livres para mudar", diz Lafer.

Para Maximo Lima, sócio-fundador da gestora de private equity HSI (Hemisfério Sul Investimentos), a crise mudou o perfil de consumo de longo prazo dos brasileiros. "Muitas pessoas não querem mais se comprometer com dívidas longas. Além disso, os millennials priorizam a experiência em vez da posse", afirma.

As incorporadoras, por sua vez, decidiram apostar na locação para se manterem ativas no mercado, diz Lima.

Este é o caso da Housi. Na avaliação do CEO da Vicaton, em dois anos, mais da metade do faturamento anual da companhia deve vir da startup. Ou seja, ele acredita que a Vitacon irá alugar mais imóveis do que vender a partir de agora. "Não faz mais sentido comprar um apartamento, pagar a vida toda e ainda ter de pegar mais de um ônibus para chegar ao trabalho", diz.

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