Os lançamentos de imóveis caíram 8,6% de janeiro a setembro, na comparação anual, para 39.579 unidades, segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
As vendas tiveram queda de 1,5% no acumulado de nove meses, para 58.427 unidades. Como a queda dos lançamentos foi mais acentuada do que a das vendas, houve consumo de parte dos estoques.
Já no terceiro trimestre, os lançamentos de imóveis cresceram 4,1% em relação ao mesmo período do ano passado, para 15.593 unidades, segundo a CBIC.
As vendas aumentaram 8,5% no período, para 21.074 unidades. “Nossa leitura é que não falta cliente, mas segurança para que ele possa adquirir ó imóvel”, disse o presidente da CBIC, José Carlos Martins.
Nos três trimestres, as vendas superaram os lançamentos. “A redução da oferta final pode significar, mais para frente, redução de preços”, disse o presidente da Comissão da Indústria Imobiliária (CII) da CBIC, Celso Petrucci.
Em relação ao modelo, houve concentração de lançamentos e vendas em imóveis de dois dormitórios.
2017 – Para a CBIC, a expectativa é que o ano de 2017 feche muito próximo aos valores do ano passado. Segundo Petrucci, os feriados do quarto trimestre prejudicaram as vendas.
Para 2018, espera-se a retomada do crescimento do setor. “As vendas do nosso setor dependem do cenário macroeconômico”, afirma Petrucci.
“O que adianta haver recursos se quem tem 70% do mercado [Caixa Econômica Federal] não pode financiar por problemas de capital?”, questiona Martins. O presidente da CBIC disse temer que o mercado de 2018 seja menor que o deste ano se não forem resolvidas questões como o problema de alocação de recursos da Caixa, do funding da caderneta de poupança e a implantação da Letra de Crédito Imobiliário (LIG).
“A agricultura vem segurando o Brasil. Daqui para frente, ou será a construção a nova âncora, ou o Brasil não aguenta”, disse Martins.
Petrucci diz não esperar que haja problemas na aplicação de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviços (FGTS) pela Caixa no próximo ano. “Estive na sexta-feira [24] com o presidente da Caixa, Gilberto Occhi, que me disse que, além dos recursos do FGTS, o banco terá mais R$ 19,5 bilhões da poupança para o próximo ano”, afirmou.
São Paulo – O crescimento de vendas de imóveis em São Paulo deve ficar em torno de 5% a 10% este ano, e não de 10% a 15% como se esperava, segundo Celso Petrucci.
Para o Brasil, a CBIC espera estabilidade nas vendas, em função dos resultados do terceiro trimestre e dos feriados do quarto trimestre.
Para 2018, o desempenho dependerá, segundo José Carlos Martins, de questões relacionadas ao financiamento imobiliário serem equacionadas. “Sem resolvermos esses pontos, não tem condição de o mercado ser melhor no próximo ano”, disse.
O presidente da CBIC ressaltou que a demanda por imóveis é função do crescimento populacional e não do momento econômico.
É possível que haja aumento expressivo de preços nos imóveis de três quartos, diz Martins, porque a oferta dessa tipologia é muito inferior do que a de imóveis de dois dormitórios.