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Por que as ações da Gafisa, Cyrela e Even dispararam na bolsa

07/01/2019 / Categorias Mercado imobiliário , Economia

(Valor Econômico – Empresas – 04/01/2019)

Chiara Quintão

SÃO PAULO  -  As ações das incorporadoras de capital aberto — principalmente de companhias com foco no segmento de média e alta renda — acumulam forte valorização nos últimos meses, movimento que ganhou força quando o cenário eleitoral ficou mais definido, com indicações das pesquisas de que o candidato considerado pró-mercado, Jair Bolsonaro (PSL), seria vencedor da disputa ao cargo de presidente da República.

A expectativa de aprovação da regulamentação dos distratos — assinada pelo então presidente Michel Temer em 28 de dezembro — também contribuiu para a valorização dos papéis.

As ações de incorporadoras que desenvolvem empreendimento para as rendas média e alta têm se valorizado em decorrência do aumento dos lançamentos de imóveis dos últimos meses e do esperado crescimento da economia, das perspectivas de aprovação das reformas, principalmente a da Previdência, e de manutenção da taxa de juros em patamares considerados baixos.

Desde o fim de setembro até o fechamento de ontem, Cyrela teve alta de 68,64%, para R$ 16,13, e Even apresentou valorização de 105,25%, para R$ 6,26. Na mesma base de comparação, o Ibovespa subiu 15,4%, para 91.654 pontos.

“Houve alta também de ações de empresas que não estão em situação tão confortável, caso de Tecnisa e Helbor”, diz um analista setorial. Enquanto os papéis da Tecnisa tiveram alta de 60,42%, para R$ 1,54, os da Helbor apresentaram elevação de 52,94%, para R$ 1,56.

Outro profissional que acompanha o mercado ressalta que, antes do movimento de alta — iniciado na última semana de setembro —, as ações do setor vinham apresentando “desempenho muito ruim”, devido ao impacto dos distratos e aos prejuízos acumulados pelas incorporadoras.

“Espera-se melhora das vendas, do resultado líquido e do retorno para os acionistas”, diz o analista, acrescentando que, como o setor tem ciclo longo, o cenário macroeconômico é monitorado de perto pelos investidores.

No caso da Gafisa, observa-se valorização expressiva das ações desde a destituição da antiga diretoria da companhia, em 28 de setembro, pela gestora GWI, do coreano Mu Hak You, maior acionista da incorporadora.

Além das questões macroeconômicas que impactam o setor, o programa de recompra de ações da Gafisa, anunciado na mesma data, também é visto, como um fator que contribuiu para o maior volume negociado de ações e para a escalada de preços dos papéis da companhia. Desde o fim de setembro, as ações da companhia subiram 51,39%, para R$ 16,94.

Outro analista pondera que não é possível assegurar que o programa de recompra tenha sido o gatilho que disparou os valores das ações da Gafisa, justamente porque a alta ocorreu em período em que os papéis do setor tiveram forte valorização.

Os preços dos papéis das incorporadoras com foco no programa habitacional Minha Casa, Minha Vida também tiveram elevação, mas em proporção menor do que a das ações das empresas do segmento de média e alta renda.

A MRV Engenharia — maior incorporadora brasileira e principal operadora do programa — teve alta de 26,26%, desde o fim de setembro, para R$ 12,63, enquanto Tenda apresentou valorização de 24,33%, para R$ 32,39.

Na avaliação do mercado, o desempenho de companhias participantes do Minha Casa, Minha Vida tende a apresentar estabilidade ou pequena variação para cima ou para baixo como consequência de cortes potenciais na faixa 1,5 do programa habitacional, ao mesmo tempo em que se espera que as incorporadoras que desenvolvem imóveis para as rendas média e alta tenham crescimento em 2019.

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