O presidente da Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), Luiz Antônio França, afirmou nesta terça-feira que o setor perdeu quase 1 milhão de empregos nos últimos três anos devido aos distratos de vendas de imóveis principalmente de média renda. "Se o problema do distrato não for resolvido rapidamente, a melhora do setor será muito pequena perto do que pode ocorrer", disse França, na abertura de seminário Cenários e Perspectivas para o Setor Imobiliário Brasileiro, promovido pela entidade, em São Paulo.
O representante setorial ressaltou também que a cada dia o setor "acorda com uma novidade". "A última foi a liminar que suspendeu o direito de protocolo em São Paulo", afirmou. Por esse direito, projetos protocolados antes de a nova Lei de Zoneamento ter entrado em vigor, na capital paulista, poderiam seguir as regras antigas. "Não é possível empreender em um país em que o projeto é definido em determinada regra, mas a regra muda", disse França.
Segundo o coordenador de pesquisas da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), Eduardo Zylberstajn, o indicador de preço de imóveis do Radar Abrainc está no seu pior momento. "Os preços caíram pouco [nos últimos anos] pelo tamanho da crise", afirmou. O índice é calculado pela fundação em parceria com a associação.
O maior ajuste decorrente da crise, conforme Zylberstajn, foi o encolhimento de 50% do tamanho do mercado. "A velocidade de vendas foi reduzida", disse. Não se espera, com o atual patamar de juros, altas expressivas nos preços dos imóveis no curto e médio prazos. "É difícil imaginar que o prazo médio de financiamento - atualmente, de 28 anos - crescerá muito nos próximos anos", afirmou. Há espaço, porém, para alguma redução dos juros, ainda que marginal.