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Segmento atrai interesse dos grandes bancos

07/10/2019 / Categorias Mercado imobiliário , Economia

(Valor Econômico – Finanças – 07/10/2019)

 

As operações de crédito via mercado de capitais para empresas de menor porte têm atraído o interesse também dos grandes bancos. Itaú BBA, Bradesco BBI e Banco ABC Brasil estão entre as casas que vêm se dedicando a estruturar essas captações. Nos últimos meses, os bancos levaram a mercado ofertas de debêntures com esforços restritos de empresas como a Ebec, locadora de camionetes 4x4 preparadas para trabalho pesado (R$ 35 milhões); a multiplicadora de sementes Seedcorp HO (R$ 50 milhões); o laboratório de exames de diagnóstico e imagem Cura (R$ 67,5 milhões); o Atakadão Atakarejo, da Bahia, (R$ 80 milhões ); e o Grupo GSH, de transfusão de sangue (R$ 50 milhões).

Philip Searson, responsável pela área de renda fixa do Bradesco BBI, afirma que essas emissões estão saindo agora no cenário de Selic mais baixa, que estimulou o aparecimento de investidores dedicados e interessados nesses papéis. “O juro menor leva esse investidor a ter de buscar ativos com mais retorno”, diz.

Na mesma análise, Caio Viggiano, superintendente de renda fixa do Itaú BBA, conta que até uns dois anos atrás, já havia a demanda das empresas por acessar o mercado.

O banco apresenta essas operações à sua carteira de “middle market” desde 2013, mas não encontrava investidor interessado. “Isso não acontece mais. Sempre achamos um gestor disposto a conversar e a analisar o crédito, ainda que ele não invista de imediato”, afirma.

Viggiano estima que hoje um quarto das gestoras do mercado já estão ou olhando ou formando equipes para acompanhar esse tipo de crédito, de mais risco. No Itaú BBA, essas operações começaram a ganhar mais corpo ano passado. Em 2017, o banco levou a mercado 17 operações de empresas de médio porte; em 2018, foram 26. Neste ano, já fechou 16 operações e está trabalhando em mais 36. Boa parte delas são de cris e debêntures, mas muitas saem por meio de notas promissórias, cessão de crédito ou outros instrumentos, via emissões privadas para um só ou um grupo de investidores, que não ficam públicas.

As empresas que o banco leva a mercado já têm balanço auditados, governança e gestão profissionalizada. Mas não possuem notas de agências de rating. “Como são de porte pequeno, não se enquadram ainda nos padrões globais de análise das grandes agências de avaliação de risco” diz Viggiano.

É por isso que os fundos acabam tendo de se especializar para analisar e acompanhar as operações.

O executivo do Itaú BBA reforça ainda que as empresas precisam assumir o compromisso de divulgar informações e manter um relacionamento com os investidores. Ele aponta como uma grande preocupação do gestor saber se, depois de comprar os papéis, no dia seguinte vai conseguir conversar com a empresa. “O fato de o banco estar como assessor da companhia dá algum conforto ao investidor de que ela vai atendê-lo”, diz. Em alguns casos, ele diz, o banco pode até ficar com até 25% da oferta, para facilitar inclusive as aprovações internas das gestoras.

Searson, do Bradesco BBI, reforça que essas ofertas menores vêm com estruturas mais robustas, que incluem garantias, que normalmente não aparecem nas operações maiores, de empresas AAA.

O tíquete médio das operações está entre R$ 50 milhões e R$ 100 milhões, o que não quer dizer que ofertas menores não possam sair. A química Sabará, que fornece insumos para o setor de saneamento, captou R$ 20 milhões.

Gustavo Bellon, diretor de mercado de capitais do Banco ABC Brasil, afirma que as operações de empresas menores e que acessam o mercado pela primeira vez saem com retornos maiores do que as das empresas “AAA”. “Os papéis têm de vir com prêmio porque são empresas ainda pouco conhecidas do mercado, que estão fazendo a primeira emissão. E elas terão também menor liquidez”, diz Bellon.

Os prazos ficam entre três e cinco anos; e as taxas, entre CDI mais 2,5% e CDI mais 4%. No caso das maiores, esses prazos já se alongaram para entre sete e dez anos e as taxas ficam entre CDI mais 0,5% e CDI mais 2%. Entre as operações que o banco ABC têm levado a mercado, a maioria foi para o reperfilamento de dívida, mas já aparecem operações para investimento, diz o executivo.

O processo de acessar o mercado é bastante custoso e trabalhoso para uma companhia, relata Gustavo Martins, diretor financeiro da Seedcorp HO. A empresas nasceu em 2014, em Goiás, como uma plataforma para consolidar o setor de sementes no país. Em 2017, fundiu-se com um grupo argentino, focado em sementes de soja. Todo o endividamento da empresa era bancário e, neste ano, via mercado, viu condições de baratear esse custo. “Nós já éramos uma S.A., tínhamos balanço auditado, ou seja, não começamos o processo do zero. Ainda assim, tivemos de fazer muitas mudanças trabalhosas, que tiveram custos para a companhia”, diz Martins . “O mercado é sim uma opção, mas não se trata de um processo fácil, nem barato”, conclui. A debênture tem prazo de cinco anos, o que a fez se livrar de vencimentos de curto prazo. O título paga CDI mais 4%. No futuro, a empresa pensa em listar ações na bolsa. “Consideramos a debênture um passo importante para um contato inicial com o mercado.”

Trocar o endividamento bancário, mais caro, pelo mercado de capitais, que hoje está mais barato, também foi o caso do Laboratório Cura, que tem como investidor a Vinci Partners. Bruno Zaremba, sócio responsável pela área de private equity da Vinci, afirma que o Cura não tinha dívidas, mas adquiriu uma empresa ano passado que tinha endividamenteo bancário custoso. “A debênture serviu para trocar essa dívida por outra de prazo maior e a taxas menores. E todo o endividamento da empresa passou a ser via mercado”, afirma.

Zaremba diz que empresas investidas pela Vinci têm acessado esse mercado, mas ressalta que a gestora já tem bom relacionamento com bancos e acesso a investidores. “Pode não ser uma operação tão simples e fácil para empresas que ainda não estejam inseridas na cultura de mercado”, avalia.

O sócio da Vinci diz que outras duas investidas estão cotando operações próximas a R$ 50 milhões: a rede de pizzarias Domino’s deve fazer um CRI; e a Vero, de telecomunicações, uma debênture. Os fundos que compram esses papéis das pequenas empresas não oferecem liquidez diária e buscam investidores mais qualificados, que não se incomodarão com resgates em 180 ou 360 dias. Ou às vezes são fundos fechados em que pelo prazo de dois anos não se poderá mexer nos papéis.

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