Depois de reduzir dívida, estoques e custos em 2017, a Rodobens Negócios Imobiliários projeta ter em 2018 seu ano de retomada, segundo o presidente do conselho de administração, Waldemar Verdi Junior. Como parte do novo momento, a companhia adotou, ontem, novo nome – RNI Negócios Imobiliários. “O nome é mais curto e reflete, diretamente, o negócio imobiliário. Iremos utilizar RNI, uma empresa do grupo Rodobens”, diz o presidente do conselho.
Aos 73 anos, o acionista e filho de Waldemar Verdi, fundador do grupo Rodobens, afirma estar animado com o mercado e com a atuação da incorporadora em 2018. “A companhia está mais leve e motivada. Teremos uma retomada importante, em busca do tamanho que julgamos adequado, de R$ 1 bilhão”, diz.
A RNI estima Valor Geral de Vendas (VGV) lançado de R$ 500 milhões a R$ 600 milhões em 2018, estabilizando seu patamar em R$ 1 bilhão daqui a três anos. Houve antecipação para este trimestre de R$ 200 milhões que seriam lançados em 2018. “Foi uma demonstração na confiança da retomada do mercado”, afirma.
Verdi Junior conta que o nome Rodobens foi criado a partir da combinação de “rodo”, que remete a produtos e sistemas rodoviários, com “bens”, que faz alusão a consórcio para produtos Mercedes-Benz, áreas de atuação inicial. Com origem em São José do Rio Preto (SP), o grupo tem presença nos segmentos bancário, de consórcios e veículos.
“O comprometimento do grupo com a RNI é total e vai continuar”, diz Verdi Junior. Já começa a haver de busca de mais integração entre a incorporadora e o grupo Rodobens, o que ocorre em larga escala entre as áreas financeira e de veículos.
Exemplo disso é que o Banco Rodobens vai oferecer novo modelo de financiamento imobiliário, em que o comprador define o imóvel que pretende adquirir e faz uma espécie de poupança no correspondente a 30% do valor total. “Se o cliente for adimplente, isso praticamente anula o risco de distratos no momento das chaves”, diz Verdi Junior. Piloto do novo modelo está sendo testado nos três lançamentos da incorporadora deste trimestre.
Em breve, o Banco Rodobens dará início a conversas com outras incorporadoras para apresentar o formato. Há intenção também de oferecer cartas de crédito aos compradores de imóveis.
Até o fim do ano, a empresa terá reduzido os estoques antigos de imóveis pela metade, para R$ 300 milhões
A RNI chega ao fim de 2017 com dívida líquida de R$ 200 milhões, metade da registrada um ano antes. Até setembro, a companhia pagou R$ 320 milhões em dívidas corporativas e de projetos, segundo o presidente do conselho, patamar superior ao seu valor de mercado, em torno de R$ 280 milhões. A empresa gerou caixa de R$ 139 milhões até setembro.
Até o encerramento do ano, a empresa terá reduzido os estoques antigos de imóveis pela metade, para R$ 300 milhões. Os custos totais foram cortados em 40% neste ano, incluindo despesas gerais e administrativas e gastos com a área técnica, para R$ 83 milhões. A folha de pagamento diminuiu 50%. “Os ajustes feitos em 2017 levaram à diminuição do patrimônio líquido de R$ 800 milhões para R$ 650 milhões”, diz o presidente do conselho. Se os ajustes fossem começar hoje, teriam o dobro de impacto, segundo ele.
De acordo com Verdi Junior, a necessidade de a incorporadora rever a estratégia, com redução do tamanho, resultou, além da crise do país, dos distratos, chamados por ele de “flagelo para o setor”. A RNI teve distratos de R$ 750 milhões nos últimos três anos, que tiveram impacto negativo de R$ 250 milhões nos resultados líquidos.
A companhia opera com prejuízo líquido desde o ano passado. Na avaliação do presidente do conselho, o resultado líquido das operações voltará ao equilíbrio em 2018. A retomada da lucratividade pode ocorrer em 2019, quando Verdi Junior espera que a RNI retome o pagamento de dividendos. Há expectativa também de retornar à margem média do setor de 30%, mas o prazo para isso não foi informado.
Em agosto, a companhia anunciou retorno às origens, conforme informaram ao Valor os copresidentes Alexandre Mangabeira e Carlos Bianconi. A condução da incorporadora voltou a ser feita a partir de São José do Rio Preto e não mais da capital paulista, e a empresa decidiu incorporar parte dos projetos para a baixa renda, incluindo imóveis do Minha Casa, Minha Vida. “Nossa vinda a São Paulo não era coerente com nosso posicionamento estratégico”, diz o presidente do conselho.
O grupo Rodobens avalia abertura de capital da área financeira e automotiva, segundo Verdi Junior. “Será uma evolução da governança e uma possibilidade de oxigenação para os acionistas”, diz. O grupo pretende que a oferta seja primária e secundária e não tem a expectativa que a operação seja realizada em 2018. Como não há necessidade de capital ou problemas de alavancagem, é possível aguardar o melhor momento para a operação.