As pequenas obras e reparos feitos em casas e apartamentos aumentaram a demanda por materiais de construção para acabamento, como tintas e azulejos, o que fará a produção desses insumos registrar o primeiro crescimento após quatro anos de queda. Sem a retomada das obras de infraestrutura e os novos empreendimentos imobiliários ainda patinando, será essa “construção formiguinha” que salvará o setor este ano. Estudo do banco Santander mostra que a alta na produção será de 8%, após queda de 3,3% no ano passado. O maior tombo do período foi em 2015, com recuo de 12,5% na produção desses itens.
— A produção industrial do setor se recupera pela venda de materiais de construção para reforma e reparos e, em menor magnitude, os lançamentos. Este é o último setor industrial a mostrar uma recuperação — afirmou Rodolfo Morgado, economista do banco Santander.
Vendas cresceram 9,2% - Pelos dados do IBGE, todos os segmentos industriais apresentaram alta no ano passado, sendo que o que se recuperou com mais força foi o de bens duráveis. Isso fez a produção industrial crescer 2,5% em 2017. Agora, com a continuidade da retomada econômica, que chega aos poucos ao setor de construção, a alta da produção industrial deve chegar a 4,7% neste ano.
Nesse processo, as vendas se recuperaram primeiro. A alta foi de 9,2% em 2017, mas, como os estoques estavam altos, a retomada da produção demorou mais. A justificativa para o melhor desempenho de materiais de construção são os juros mais baixos, a inflação sob controle e o aumento do emprego.
Paulo Janousek, diretor superintendente da Tintas Hidracor, do Grupo J.Macêdo, percebeu essa melhora na demanda de insumos, em especial no Nordeste.
— É uma demanda ainda relacionada à manutenção e à reforma de novas construções. Isto estava parado, porque não é um gasto essencial no orçamento. É um gasto que só acontece quando as famílias estão mais confortáveis em termo de renda — disse.
A empresa, localizada na Grande Fortaleza (CE), contratou cerca de 90 funcionários nos últimos meses para atender ao aumento da demanda. A retomada está um pouco mais lenta nas vendas para o segmento de empreendimentos imobiliários, mas o executivo acredita que o setor também vai se recuperar esse ano.
A Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco) acredita que o faturamento do setor vai crescer 8,5% no ano. Em 2017, o faturamento foi de R$ 114,5 bilhões.