A construtora Mendes Júnior conseguiu fechar ontem um acordo com credores que envolve perto de R$ 360 milhões. A empresa, que chegou a ser uma das maiores do ramo de construção pesada nos anos 80, entrou em processo de recuperação judicial depois de ter ficado impedida de fechar novos contratos com o poder público. A medida foi uma punição por crimes de corrupção cometidos pela antiga direção da companhia em negócios com a Petrobras.
A Mendes Júnior foi um dos alvos da Operação Lava-Jato e alguns de seus executivos foram condenados à prisão. "Salvamos a Mendes Júnior", disse ontem ao Valor o advogado José Murilo Procópio de Carvalho, que representa a construtora na recuperação.
Pelo acordo firmado, em Belo Horizonte, ficou definido que a empresa pagará com deságio de 40% o que deve a fornecedores. Eles são donos da maior fatia da dívida da Mendes Júnior: R$ 210 milhões. Os valores serão reajustados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).
Um dos grandes credores desse bloco da dívida é a Cemig. Segundo o advogado, ela tem R$ 60 milhões a receber e aceitou as condições. A Mendes Júnior terá de usar 50% do que vier a receber de contratos de obras para saldar essa parte da dívida aos fornecedores.
Além do deságio, esses credores receberão somente daqui a seis anos. A companhia terá então um prazo de cinco anos para liquidar esse débito. Bancos e outros prestadores de serviços também receberão segundo esse cronograma.
A dívida trabalhista coberta pelo acordo, de R$ 19,8 milhões, será paga com carência de 12 meses após a homologação do acordo.
Ao todo, são aproximadamente 3.000 credores beneficiados pelo acordo. A assembleia de ontem foi a segunda tentativa da empresa e credores fecharem um acordo.
O processo de recuperação é administrado pela advogada Maria Celeste Morais Guimarães, do escritório Nemer e Guimarães, da capital mineira.