(O Estado de S. Paulo – Broadcast – 03/10/2019)
Após levantar R$ 978,7 milhões em sua rodada de emissão de ações na última semana, a incorporadora Eztec está pronta para acelerar o seu crescimento. A bolada será integralmente usada para a compra de terrenos que abastecerão o novo ciclo de lançamentos da companhia.
A visão da Eztec é de que o mercado imobiliário está entrando em um novo ciclo de bonança, sustentado pela queda das taxas de juros para compra de moradias e pela expectativa de uma melhora mais consistente da economia nacional após a aprovação das reformas, com tendência de diminuição do desemprego no curto a médio prazo.
Na prática, esses fatores apontam para uma demanda crescente por imóveis, o que justifica a iniciativa da Eztec de reforçar o seu caixa para ampliar os investimentos, afirmou o diretor Financeiro e de Relações com Investidores, Emílio Fugazza.
"Vemos fatores que vão ser explosivos para a volta da demanda por imóveis", disse, em entrevista ao Broadcast. "Está na nossa cabeça a avaliação de que o mercado é positivo e de que é importante estarmos preparados para acelerar o crescimento. Estamos apostando no País", completou.
Segundo Fugazza, a melhora do setor já está sendo percebida neste ano, quando a meta de lançamentos foi ampliada do patamar inicialmente anunciado de R$ 1,0 bilhão a R$ 1,5 bilhão para a faixa de R$ 1,5 bilhão a R$ 2,0 bilhões. "Lançamos bastante coisa até aqui e vendemos no mesmo passo. Isso vale para todos os setores", contou.
Em seu novo ciclo de crescimento, a Eztec pretende fazer mais do mesmo, isto é: lançar projetos residenciais de médio e alto padrão, Minha Casa Minha Vida (MCMV) e prédios comerciais. O foco continua sendo a cidade de São Paulo e a região metropolitana. A meta de lançamentos de 2020 será definida pelo conselho no último trimestre, assim como a diversificação do mix. "Continuaremos fazendo tudo da mesma forma que fizemos até aqui. A intenção da capitalização foi de antecipar as compras a fim de obter terrenos que nos atendam nesses projetos".
Fugazza estimou que os desembolsos nas compras de terrenos devem levar cerca de um ano. O compromisso é com a qualidade dos ativos, não com o prazo, ponderou o executivo. A companhia não trabalha com permuta nessas negociações. O banco de terrenos atual da Eztec é avaliado em R$ 800 milhões e suficiente para lançar empreendimentos com potencial de movimentar cerca de R$ 5,8 bilhões em vendas. Com base nessa ordem de grandeza, a capitalização de R$ 978,7 milhões poderia mais do que dobrar o potencial de projetos.
Com o reaquecimento do mercado imobiliário em São Paulo, os preços dos terrenos também voltaram a subir nas regiões onde a procura é maior. Esse é o caso dos bairros situados no eixo entre Moema e Perdizes, além de alguns bolsões nas zonas norte e leste, segundo Fugazza.
O diretor acrescentou que uma parte menor dos recursos pode vir a ser empregada na aquisição de projetos de outras incorporadoras, a depender das oportunidades no mercado e das sinergias com o perfil dos empreendimentos da Eztec, assim como já ocorreu no passado. Já a aquisição de outras empresas como forma de acelerar a expansão está fora dos planos da Eztec, que vê risco de acabar incorporando contingências danosas nesse tipo de operação.
"Estamos abertos a escutar propostas, mas M&A (fusão e aquisição, na sigla em inglês) não faz parte dos planos. Pode ser uma maneira mais rápida de crescer, porém não é a de maior qualidade", disse.
Fugazza explicou ainda que a rodada de emissão de ações serviu para evitar que a expansão dos negócios ocasionasse endividamento. A incorporadora tradicionalmente tem mais recursos em caixa do que dívida bruta, ou seja, um caixa líquido. O grupo controlador - composto por filhos e netos do fundador, Ernesto Zarzur - não acompanhou a oferta de ações e teve sua participação na empresa reduzida de 65% para 57%.