A Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) projeta crescimento do faturamento deflacionado do setor de 1,5% neste ano, mas o novo presidente da entidade, Rodrigo Navarro, avalia que a expansão pode ser mais acentuada. "Se forem mantidas as condições favoráveis no Brasil e fora, poderemos revisar a estimativa para cima", disse ao Valor em sua primeira entrevista desde que assumiu o cargo em 1º de fevereiro. O executivo substituiu Walter Cover, que ficou seis anos no comando da entidade.
Com 28 anos de experiência na área de relações institucionais de empresas como Xerox, Telemar, Philip Morris, Nokia, Copersucar e BMW, Navarro pretende tornar a entidade mais ativa e colaborativa, e com protagonismo maior na interlocução com o governo. A Abramat já deu início a conversas com outras entidades do setor de materiais e que congregam toda a indústria. "As perspectivas apontam para recuperação. Precisamos definir o que podemos fazer para ajudar nessa recuperação", afirma Navarro.
O planejamento estratégico da Abramat está sendo revisto. Para reforçar o contato com representantes do governo e oferecer base de apoio aos associados, a entidade terá escritório em Brasília. Segundo Navarro, a Abramat dará continuidade à atuação para que o setor tenha cada vez mais conformidade técnica e fiscal, além de capacitação.
Na avaliação do presidente da entidade, ainda é cedo para dizer que a indústria de materiais de construção já vive seu ponto de inflexão, pois ainda pode haver oscilações, mas as indicações são de recuperação em curso. Nos dois primeiros meses do ano, o faturamento deflacionado das vendas do setor teve alta de 1,5%, ante o mesmo período de 2017. No segmento de materiais de base, a expansão foi de 2%. Nas vendas de itens de acabamento, houve alta de 1,2% no bimestre.
Em fevereiro, as vendas caíram 0,9% na comparação anual. Há um mês, a Abramat informou queda de 0,7% nas vendas de janeiro. Nesta semana, a entidade revisou os dados de janeiro para alta de 4% após a divulgação da pesquisa mensal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No combinado dos dois meses, a expansão chegou a 1,5%, puxada pela demanda de materiais pelas revendas para reformas. Há expectativa que a demanda de materiais para as construtoras comece a ter crescimento maior no fim do ano ou em 2019, devido à defasagem entre lançamentos e obras.
A fabricante de tubos, conexões, ferramentas para pinturas e de portas e janelas Tigre projeta crescimento de 4% em volume e 9% em receita neste ano, incluindo vendas no Brasil e externas. Segundo o presidente da Tigre, Otto von Sothen, o desempenho da comercialização do primeiro bimestre ficou em linha com o esperado. A Tigre cresceu 3% em 2017.
Presente no Brasil há cinco anos, a alemã Duravit - que atua em louças, banheiras, móveis, espelhos, acessórios e metais sanitários - estima crescimento de 38% no seu faturamento neste ano. "Estamos otimistas", afirma o diretor-geral da empresa no país, Sérgio Alarcon. Em 2017, houve expansão de 17%. Sem informar números absolutos, o executivo deixa claro que, como a empresa está há pouco tempo no país, a base ainda é pequena. Segundo Alarcon, o crescimento registrado nos últimos anos ficou abaixo do patamar projetado, em decorrência da retração da economia e da crise do setor imobiliário.
Por enquanto, a Duravit importa da Europa, do Norte da África e da Ásia todos os produtos que vende no Brasil. "De acordo com a demanda, vamos buscar solução de produção local no médio e longo prazos", conta Alarcon. Das vendas no país, 65% são direcionadas para o canal engenharia, mas o varejo tende a ganhar participação. No fim de 2017, a Duravit fechou parceria com a rede Portobello Shop para distribuição de seus produtos nas 150 lojas da rede catarinense.
Após a expansão de 1% em 2017, a Saint-Gobain já informou projeção de alta de 5% a 6% no faturamento de suas vendas para o setor de construção no Brasil. A Duratex divulgou que espera crescimento em todos os seus negócios. Em janeiro, a companhia anunciou altas de preços em produtos das divisões Deca - de louças, metais sanitários, chuveiros e revestimentos cerâmicos - e Madeira.
A Associação Nacional dos Comerciantes de Materiais de Construção (Anamaco) projeta crescimento de 8,5% das vendas dos varejistas neste ano. A Tintas MC, por exemplo, projeta elevar seu faturamento em 9%, neste ano, para R$ 220 milhões. Em volume, a expectativa é de alta de 7%.
As projeções incluem vendas das lojas próprias e franqueadas. "As vendas têm crescido desde o segundo semestre de 2017", conta o diretor de estratégia e marketing da Tintas MC, Renato Sá. Até o fim do ano, todas as lojas do grupo Aquarela Tintas - comprado em 2017 - serão convertidas em Tintas MC. Com a aquisição, a rede varejista de São Paulo passou a atuar também em Minas Gerais e Goiás.