(Valor Econômico – Empresas – 12/04/2019)
Chiara Quintão e Rita Azevedo
A Gafisa terá dois aumentos de capital, no total de R$ 380 milhões (cerca de US$ 100 milhões), segundo o Valor apurou. O total corresponde a quase 43% da dívida bruta de R$ 889,4 milhões da companhia registrada no fim de 2018 e supera os vencimentos de R$ 348,4 milhões até o fim de 2019. Procurada, a Gafisa não comentou o assunto.
Na terça-feira, o conselho de administração da companhia aprovou a capitalização até o limite do capital autorizado de 71.031.876 ações. No próximo dia 15, o aumento desse limite para 120 milhões de ações será votado em Assembleia Geral Extraordinária (AGE).
Caso não haja quórum mínimo na AGE para a votação da elevação do limite do capital autorizado, a questão será levada para nova assembleia de acionistas da Gafisa. Enquanto isso, a companhia poderá avançar com a primeira capitalização até o máximo autorizado de 71 milhões de ações. Posteriormente, com o outro aumento de capital, o limite de 120 milhões de ações poderá ser atingido.
Considerando-se que a Gafisa tem 43.357.589 de ações e que o teto de 120 milhões de ações seja atingido com as duas capitalizações, 75 milhões de papéis seriam emitidos ao preço médio de R$ 4,95 por ação. Neste mês, a média das cotações da companhia está em R$ 7,89 e, nos últimos 30 dias, em R$ 8,75. Ontem, as ações da empresa fecharam a R$ 7,89.
A Gafisa já divulgou que o preço será definido "após a validação do critério de precificação por instituição credenciada ou empresa especializada, cujo valor contemplará o preço da ação e o respectivo bônus de subscrição".
O investidor Nelson Tanure negocia a entrada na Gafisa por aporte na capitalização. Segundo uma fonte, a companhia está buscando também outros investidores locais, além de estrangeiros. Conforme outra fonte, Tanure também estaria se movimentando para buscar parceiros para a capitalização.
Donos de cerca de 6% das ações da Gafisa, que votaram via boletim de voto a distância, aprovaram a suspensão do exercício de direitos do acionista GWI. A maior parte também se manifestou, favoravelmente, à contratação de um banco ou consultoria para elaboração de novo plano estratégico para a companhia, e ao aumento do limite de capital autorizado para 120 milhões de ações e a emissão de ações.
Os acionistas da Gafisa também decidiram pela adoção do voto múltiplo na AGE.
A discussão sobre a suspensão dos direitos de acionistas do grupo GWI foi proposta depois de a gestora não formular uma oferta pública de aquisição de ações (OPA) após atingir participação acionária relevante na companhia.
O GWI assumiu o comando da Gafisa em setembro do ano passado, chegando a atingir participação de 50,1% em janeiro. A gestora deixou de ser o maior acionista em fevereiro, quando vendeu 33,67% das ações ordinárias da incorporadora a um grupo de investidores representados pela Planner.
A contratação de banco ou consultoria para elaboração do novo plano estratégico, assim como o aumento do limite do capital, foram recomendações da administração da Gafisa como uma maneira de "propiciar a retomada do crescimento e a capitalização"